Ricardo Noblat, ex-director do Correio Braziliense e recém-nomeado director de A Tarde, da Baía, dá hoje uma entrevista a Armando Rafael, publicada no DN, em que coloca a ênfase no lugar do leitor na prática jornalística. Eis alguns excertos: «Nós, jornalistas, escrevemos aquilo que pensamos que os leitores gostam. Se eles não gostarem, paciência, porque o erro deve ser do leitor, nunca nosso». «O que os leitores querem é ler histórias e, de preferência, histórias sobre outras pessoas. O problema é que os jornalistas não vivem no mesmo mundo dos leitores». «Como é que se faz informação? Quem é que marca a agenda dos jornalistas?». «Normalmente, são os editores ou os directores que marcam a agenda, tendo por base a leitura de outros jornais, assuntos que continuam ou informações institucionais. O resultado é que os jornais são quase todos iguais. Devia ser tudo ao contrário. Deviam ser os jornalistas e os repórteres a marcarem a agenda, trazendo da rua algo de novo todos os dias». "Que tipo de apostas devem ser de-senvolvidas para atrair leitores?", pergunta Armando Rafael. A resposta do entrevistado: "As que afectem mais directamente a vida deles, os seus interesses e as suas aspirações. Nós, jornalistas, costumamos fazer jornais que nos dêem prazer. E prazer às nossas fontes de informação. Pouco nos importamos com os leitores. E consideramos uma tarefa menor uma concessão desprezível e condenável, importarmo-nos com os leitores. Se isso estivesse correcto, os jornais estariam crescendo. Mas não, estão perdendo leitores".
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