Tanto como acompanhar e referenciar os desenvolvimentos na cobertura mediática da guerra, precisamos (eu, pelo menos, preciso) de pensar o que se está a pensar. A "pólvora" já não pecisa de ser inventada. Mas pode ser que haja, neste macro-acontecimento, algo de novo (ou mesmo muito de velho, que precisa de ser recordado). Deixo aqui uma nota breve, marcada por tal preocupação. As circunstâncias em que os jornalistas – quer os de Bagdad quer os da frente de guerra (os “embedded" nas forças atacantes) - são obrigados a trabalhar, bem como a necessidade de alimentar as exigências dos media para que reportam, faz com que se transformem com frequência, e com alguma lógica, em comentadores e analistas. Tais comentários e análises são, depois, replicados e desenvolvidos por outros comentadores em estúdio, fardados e à civil, que dissertam sobre estratégias e tácticas, avanços e recuos, vitórias e derrotas. Ao fazê-lo, todos se tornam, deliberadamente ou não, em agentes legitimadores da guerra, porque formatam o discurso de dentro do acontecimento. Ora um discurso sobre a guerra formulado de dentro da guerra e nos seus precisos termos de referência é, quase inevitavelmente, um discurso que pode discutir os passos da guerra mas não interroga a própria guerra. O que faz, ao fim e ao cabo, é colocar-nos num registo em que, quer sejamos contra quer sejamos a favor da invasão, não vamos além de saber se “estamos a ganhar” ou “estamos a perder”.
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