Lembram-se da observação feita aqui há dias, a propósito do que pode estar a passar despercebido, pelo facto de as atenções estarem esmagadoramente voltadas para o Iraque. Ora, um desses casos passa-se em Itália e é mais uma de Berlusconi. O partido a que pertence pretendia fazer passar no Parlamento uma nova lei dos media, que visava, nomeadamente, facilitar a acumulação de media, banindo restrições da actual lei que impendiam sobre aqueles que já eram proprietários nestes domínios. (Recorde-se que Berlusconi é dono da maior grupo de televisão privado em Itália e controla, como chefe do Governo, os canais da TV pública). A surpresa esteve em que, na votação secreta efectuada na semana passada, alguns membros do partido maioritário "roeram a corda" e, com a oposição, votaram uma emenda que não só não facilita a acumulação pretendida, como limita a dois o número de canais de TV de que um mesmo dono pode ser titular. Ou seja, Berlusconi, que argumantava que as medidas propostas eram fundamentais para modernizar a paisagem audiovisual em Itália, pode ver-se numa situação em que não só não poderá alargar a sua influência nos media, mas em que terá de se desfazer de um dos três canais privados que possui. Berlusconi e os seus apoiantes, porém, estão confiantes de que a lei será "corrigida" no sentido desejado, quando for submetida ao Senado, em Maio ou Junho próximos. Assim vai a democracia.
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