Pacheco Pereira a "arrasar" Acabado de chegar de andanças que me mantiveram longe da net e do teclado, sou surpreendido pela tempestade levantada pelo Abrupto. A bem dizer, as questões colocadas não são novas. Mas, recorrendo a uma imagem sua, agora é a "arrasar". Compreendo a irritação que as palavras de Pacheco Pereira provocam em alguns jornalistas que se sentem autoritariamente metidos num saco de gatos "biased" e matreiros. O que mais irrita no discurso de Pacheco Pereira sobre os media não é tanto a tendência para meter tudo no mesmo saco - como se o escrutínio público do jornalismo e dos media, que eu também defendo, pudesse avançar à paulada. É sobretudo a percepção do observador comum, de que Pacheco Pereira, por muito que vocifere, faz parte do sistema que vitupera. E o desagradável, e ao mesmo tempo inqueitante, é que ele não assume isso. Instituindo o fosso entre jornalistas e comentadores (ou colunistas), pode alimentar uma contraposição que funciona bem como ... auto-justificação. Acaso o facto de as pessoas saberem quem ele é, de onde vem e ao que anda constitui argumento para o que ele quer debater? Não deixa de ser sintomático que Pacheco Pereira seja tão contundente sobre o "hermetismo" e o enviesamento dos "jornalistas" e não dedique uma linha a questionar a incidência na qualidade do jornalismo (incluindo o jornalismo político) das condições em que muitas redacções e um cada vez maior número de jornalistas (jornalistas? colabradores, avençados, pagos à peça, estagiários, trabalhadores à borla....) realizam o seu trabalho. E no entanto ... eu gostaria que se pudesse fazer uma discussão séria sobre algumas das questões que há muito inquietam Pacheco Pereira. A verdade é que, pelo modo como "dispara", Pacheco Pereira parece pretender outros objectivos que não o debate.
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