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"A Filha Rebelde" ou a excelência do jornalismo de investigação Realiza-se hoje, às 18 horas, no Auditório da FNAC no Gaia Shopping a sessão de lançamento do livro «A Filha Rebelde» (colecção Expresso/Temas & Debates), da autoria de José Pedro Castanheira e de Valdemar Cruz. Trata-se da história fantástica de Annie Silva Pais, a filha única do último director da PIDE/DGS. É o desenvolvimento de uma reportagem que os autores escreveram na Revista do Expresso e que foi distinguida com o Grande Prémio Gazeta de 2002. O livro será apresentado pela escritora Agustina Bessa-Luís. Na apresentação do livro que teve lugar há dias, em Lisboa, José Pedro Castanheira falou da obra e do trabalho jornalístico que esteve implicado na sua escrita. Falou por isso, também de jornalismo. Aqui fica transcrita parte das suas palavras: "Os seus leitores encontrarão nele características de romance, ficção, biografia, história, memórias... O livro é um pouco de tudo isso, mas é, antes de mais, um trabalho jornalístico, onde a reportagem e a investigação se casam permanentemente. Em 300 páginas de texto, são referidas inúmeras fontes pessoais e documentais. Só uma vez - repito: só uma vez – fomos obrigados a recorrer à figura da fonte anónima. (Escusado será dizer que é uma fonte cubana.) Todas as demais são identificadas, não apenas pelos respectivos nomes, mas também com o local e até o dia em que os respectivos depoimentos foram recolhidos. Infelizmente, o recurso ao off e às fontes anónimas, que deveriam ser a excepção, transformaram-se hoje em dia na regra. O resultado está à vista: jornalistas e órgãos de comunicação social passaram a ser, consciente ou inconscientemente, instrumentalizados pelas fontes de informação, que, no processo de produção jornalístico, nunca são neutras, já que promovem sempre os seus próprios interesses. Há meia-dúzia de meses, quando recebemos nas mãos do Senhor Presidente da República o Grande Prémio Gazeta, o Valdemar e eu próprio tivemos a oportunidade de criticar o falso e o mau jornalismo. É uma evidência que há maus jornalistas, como há maus políticos e governantes, maus médicos e economistas, maus advogados e magistrados. A constatação de que há maus jornalistas, ou de que o jornalismo atravessa um mau momento, não pode legitimar uma crítica, muito menos um ataque, ao próprio direito à informação e à liberdade de Imprensa. Não é com restrições e limitações que se promove e defende eficazmente a liberdade: é com uma cultura de mais responsabilidade, no plano legal e sobretudo ético. Já muitos o disseram: as leis e os códigos existentes, não sendo perfeitos, são suficientes. A questão é que sejam respeitados e cumpridos – e por todos. Toda a história do Estado Novo, de que nos fala o livro, mostra que um excesso de legislação vai sempre num sentido restritivo, acabando, no limite, por abafar a própria Liberdade."


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