"Ele está ali, na Casa Branca..." Vasco Pulido Valente, no DN: "A conferência de imprensa de Bush, a terceira do seu mandato, a que assisti em directo, foi ao mesmo tempo extraordinária e assustadora. Em meia hora o mundo, que nós conhecemos, desapareceu. Com fervor, o Presidente explicava: a grande «missão histórica» da América era estabelecer uma democracia a sério no Iraque e, a seguir, pela influência e o exemplo do Iraque, em todo o Médio Oriente. Havia algumas dificuldades de percurso? Claro que sim. Como tinha havido com a democracia americana. Quanto à ocupação propriamente dita, não tinha uma ocupação semelhante, ou pior, levado à liberdade o Japão e a Alemanha? (...) Mas, pouco a pouco, vem uma dúvida. Bush parece sincero, ingénuo, quase inocente. Olha para nós com olhinhos brilhantes de boneca, sem profundidade e sem malícia. Fala com uma convicção de adolescente. E, por mais que se queira, não se pode evitar a suspeita terrível: será que ele acredita naquilo? (...) O estereótipo do americano ignorante e simplório já passou de moda. Só que, de repente, ele está ali, na Casa Branca, com o seu ar simpático e bonzão, a preparar uma catástrofe. Um Bush cínico, um Bush hipócrita e mentiroso como Blair não meteria medo. Este Bush mete medo".
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