O santo António de Mário Mesquita Um leitor dá hoje, no Público, os parabéns a Mário Mesquita pela coluna de domingo passado intitulada "Santo António Champalimaud". Passou-me a referência aqui, uma vez que a li muito longe do acesso a qualquer terminal de computador. Assinalo o texto particularmente pela questão que o sempre atento Mário Mesquita levanta relativamente à generalidade da imprensa: o condão de limpar e recauchutar a memória ou, nas palavras do autor, de fazer hagiografia:
"Aos olhos de muitas pessoas da minha geração, Chapalimaud representava, o mais típico industrial da era salazarista, mandão e prepotente, que construíra o seu império cimenteiro e bancário à sombra da protecção que lhe conferia a legislação proteccionista do "condicionamento industrial" e os instrumentos ditatoriais do regime, desde a ausência de liberdade sindical e do direito à greve até à prestimosa acção da polícia política na repressão dos movimentos sindicalistas. As hagiografias jornalísticas desmentem esta visão. Champalimaud não era adepto de nenhum Governo, teria sido, sempre, um homem do "contra". Manifestava, claro está, as suas preferências, que se exprimiam, a fazer fé nas narrativas, mais pela negativa do que pela positiva. Alguém sustenta mesmo que desafiou dois regimes. Admirava o ditador Salazar e detestava Marcelo Caetano, que pretendia liberalizar o regime. Abominava, naturalmente, o 25 de Abril, em seu entender "a maior desgraça da História de Portugal".
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