O conflito no Público Perguntava, há dias, Armando Rafael, no Diário de Notícias, "até que ponto é que um jornal deve assumir publicamente os seus erros, desmentindo-se a si próprio". O assunto em referência era o "mea culpa" recente do New York Times, a propósito da cobertura da guerra no Iraque. Mas poderíamos adaptar a pergunta para analisar o que se tem passado nos últimos dias no Público e que levou à demissão em bloco do Conselho de Redacção. Como sabemos deste acontecimento? Através de toda a Imprensa, com a óbvia excepção do próprio Público. Óbvia? Não tanto como isso. E aqui bate o ponto. Ninguém gosta de ver os assuntos domésticos serem trazidos para a praça pública, sobretudo quando comportam uma carga negativa. Será o que se passa naquele jornal uma questão meramente interna? A patir do momento em que uma editora com projecção pública se demite e em que um órgão como o Conselho de Redacção segue o mesmo caminho, parece-me que o assunto não é mais do foro interno. E a razão é que está posto em causa o contrato do jornal com os seus leitores. Aparentemente - é o que se sabe pela concorrência - há um conflito de interpretação sobre o papel da Direcção editorial. Seria razoável que o assunto fosse dirimido internamente. A pergunta que cabe fazer, uma vez o assunto tornado público, é saber se, do ponto de vista do jornal, ele não teria vantagens em explicar-se junto dos leitores e da opinião pública. Assumindo, se fosse caso disso, a conflitualidade, que não é nada do outro mundo.
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