O país do futebol O país reduzido ao futebol, o estádio da selecção assumido como metáfora de Portugal - assim vamos, ora gemendo a derrota ora cantando os olés das vitórias. Ninguém quer jornalistas sisudos e frios, a relatar a partir de Marte as peripécias, desventuras e feitos dos jogadores. Mas também é exagero esta colagem e este alinhamento, esta obsessão pelo pormenor mais insignificante, este repisar em teclas que não trazem qualquer música que já não tenhamos todos ouvido até ao bocejo. Capacidade de sintonizar com o sentir comum não pode deixar de lado o sentido da proporcionalidade das coisas. Manuel António Pina escrevia, há dias, numa notável crónica na Visão, que "há alguma mesquinha intolerância no desprezo que certas pessoas têm pela pequenez da alegria e da esperança alheias". Sou sensível à observação. E há momentos para festejar, por vezes até ao excesso. Mas o sentido da proporcionalidade, quando se perde de vista, leva também a perder-se a razoabilidade. Afinal, o campeonato está ainda longe do fim.
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