Caso Manso Preto: "Perdemos nós todos" " (...) Tratar o sigilo profissional dos jornalistas como um privilégio que lhes permite, com impunidade, pôr na boca de "fontes não identificadas" tudo o que lhes apeteça, é ver muito pouco. Pode haver abusos, claro. Mas, na sua essência, o sigilo profissional não é um privilégio; é um dever, um pesado dever, que pode mesmo levar um jornalista a ser condenado em tribunal e a ir parar à prisão. É, afinal, o preço a pagar para que as pessoas saibam que podem continuar a denunciar um abuso, a expor uma malfeitoria, a indicar um caso de corrupção, com a certeza de que o jornalista junto de quem o façam preservará a sua confidencialidade. Custe o que custar. Uma lei dá ao jornalista o direito ao sigilo, outra lei retira-lhe esse direito. A ética não dá nem tira: apenas lhe aponta a responsabilidade indeclinável de não defraudar a confiança das pessoas que precisam do trabalho dos "media" para o exercício quotidiano da liberdade de expressão e para o escrutínio dos poderes públicos. Por isso, quando um jornalista é condenado em tribunal por se ter mantido fiel aos princípios éticos e ao código deontológico da profissão, não é só ele que perde; perdemos nós todos." Joaquim Fidalgo, in Público, 15.12.2004
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