Fontes: águas toldadas O dia 30 de Junho ficará provavelmente na história do jornalismo norte-americano como um dia negro. O dia em que os responsáveis da revista Time decidiram trair o compromisso ético assumido com os seus leitores e revelar uma fonte de informação. Em nome da superioridade da lei. Humano, dir-se-á. O advogado, que o director da revista também é, sobrelevou sobre o jornalista. Contra a vontade dos dois profissionais envolvidos, que têm mantido a decisão de não revelar as fontes, correndo o risco de pasar uns meses na prisão. "But if presidents are not above the law, how is it that journalists are?" - comentou ele ao diário The New York Times, curiosamente o mesmo jornal em que trabalha outra jornalista envolvida neste caso. No espaço de menos de um mês, duas atitudes diametralmente opostas: a dos jornalistas (e responsáveis editoriais do Washington Post) sobre o escândalo Watergate e a deste caso, do qual a Time pode sair airosamente dos tribunais mas de que sai queimada, ou pelo menos bem chamuscada, no plano ético-deontológico. São estes os tempos que vivemos. É provável que nada disto seja alheio a uma lógica de infotainment, que cada vez parece prevalecer mais no grupo mediático a que pertence a Time. Como diz álguém citado pela newsletter da Columbia Jornalism Review, a Time "is a strange company and it's a different company now, and it is really part of an entertainment complex. The journalism part is smaller and smaller. There is a great question out there: is this a journalistic company or an entertainment company?"
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