O jornalista José Pedro Castanheira fez circular por alguns colegas e amigos o texto da sua intervenção nas Conferências da Arrábida, sobre "O espaço da investigação no jornalismo português". O quadro traçado é desolador. "Os gabinetes de investigação, criados em algumas redacções, desapareceram. (...) o jornalismo de investigação quase passou a ser consequência de rasgos individuais, de iniciativas pontuais. Perdeu grande parte do carácter colectivo, planeado e organizado. Deixou de ser uma aposta estratégica das empresas e direcções editoriais". Tomando como indicador o número de inquéritos efectuados pela PJ, a nível nacional, a partir de processos instaurados aos media entre 1987 e 2001, por alegados abusos da liberdade de imprensa - frequentemente desencadeados pela publicação de trabalhos de invesigação jornalística - os dados que apresenta aquele jornalista são reveladores: em 2000 o número de processos foi um quarto do número registado em 1992-1993. Razões ou factores explicativos para a decadência do jornalismo de investigação: - A tabloidização dos media - Os excessos do «jornalismo justiceiro» - A sobranceria, desprezo e arrogância de algum jornalismo - O recurso a procedimentos e meios pouco ou nada éticos - O «vazamentismo», ou a instrumentalização dos media pelo poder - Concentração da propriedade dos media - Défice acentuado no funcionamento de algumas instituições. O autor explica e exemplifica abundantemente cada um destes pontos.
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