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Sobre a prisão de Carlos Cruz: - J. M. Paquete de Oliveira, "O nosso lado oculto", in JN, 8.2.2003: "(...) A prisão preventiva de Carlos Cruz teve para nós portugueses o efeito de uma "bomba" muito superior àquele que tem tido o anúncio da "guerra preventiva" para onde o sr. Bush vai levar-nos. Carlos Cruz é um ícone da nossa vida. Numa sociedade mediática, aqueles que todos os dias entram por nossas casas dentro através daquelas pequenas pantalhas, dispostas nas nossas salas ou até nos quartos de dormir, como outrora os santuários das famílias com os "santinhos", são as "imagens" que adulamos e constroem as referências do nosso quotidiano. São assim os Sant'Antónios da nossa modernidade. Este "caso Carlos Cruz" – é curioso que das outras personagens em cena quase já não se fala – mexeu com o sistema das nossas representações. "Tocarem" no Carlos Cruz é tocar nas fímbrias da nossa interioridade. Sentimo-nos "apanhados" (...)". - Judite de Sousa, "Informação e Justiça", in JN, 8.2.2003: "(...)Faz hoje uma semana que Carlos Cruz foi detido. Com a prisão de um dos homens mais populares e carismáticos do país, é um pedaço de nós que está perdido num mapa de emoções onde não conseguimos identificar os pontos cardeais da explicação e da racionalidade. Confesso que me sinto zombie e julgo que esse será o estado psíquico de muitos portugueses. Entre a surpresa, a incredulidade, a revolta, a solidariedade para com a dor e o sofrimento das vítimas, é uma mistura explosiva de emoções que tomou conta do país. É também uma ansiedade incomensurável que se joga inevitavelmente no terreno da Comunicação Social. Esta proximidade e, por vezes, osmose de territórios gera efeitos contraditórios: a circulação da informação no respeito por um dos principais direitos democráticos e, por outro lado, a incapacidade de garantirmos a "pureza " dessa mesma informação, ou seja, a sua veracidade, daí resultando o boato, a mentira, ou seja, a perversidade da informação. É certo que o tempo da justiça é um e o tempo dos media é outro. Mas também é certo que nas sociedades contemporâneas, onde a comunicação se tornou uma espécie de nova ideologia ou até mesmo " a superstição dos tempos presentes "nas palavras de Ignacio Ramonet, estes dois tempos avançam lado a lado(...)".


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