Do texto "A Praga", de Paulo Almeida Sande, no DN de hoje: "Em Portugal pouco se pensa. Não há uma linha estratégica constante sobre «os interesses fundamentais» do País. A Academia dá aulas, mas não estuda, e só se lembra das empresas quando precisa de dinheiro. Nos partidos não há quem, no Governo não há tempo. Centros de investigação e think-tanks são coisa rara. Entre nós, mandam as circunstâncias, os calendários eleitorais, os feelings individuais. Mas também não é verdade que não se pense de todo. Há um sítio «onde» se pensa e se vê gente a pensar. Refiro-me à comunicação social, ao reino dos comentadores, articulistas e publicistas. O que fazem eles? Repetem banalidades. Descobrem, quotidianos, a pólvora. São artistas de um espectáculo banal: pensar em público. Isso fazem, enchendo de irrelevância páginas e minutos. (...) "Assim nos achámos num país dividido em dois. Entre extremos. Num passe de mágica, desapareceram a direita e o centro liberal, a social-democracia, a esquerda democrática. A culpa é da excitação verbal e vaidade dos articulistas. Excelente ocasião para correr com eles. Vá-se ao estrangeiro buscar outros, para que continue a haver quem pense.".
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