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Alberto Dines, director do Observatório de Imprensa brasileiro, escreve na última edição do boletim, ainda acerca do caso Jayson Blair: "Ao decidir-se pela exposição das fraudes em quatro páginas de uma edição de domingo (11/5/03), o jornalão nova-iorquino derrubou o fetichismo em torno da infalibilidade da imprensa e confirmou o princípio de que todos os poderes devem ser fiscalizados e devassados. (...) Três semanas depois de intenso bombardeio da mídia nacional e internacional, o New York Times toma outra decisão extraordinária: vai criar uma comissão de sindicância externa para examinar as fraudes, o sistema que as facilitou e a escalada punitiva. A mensagem subjacente é clara: a mídia concerne à sociedade. Como serviço público – mesmo na condição de atividade privada –, a mídia está obrigada a submeter-se aos mesmos mecanismos e procedimentos usados para fiscalizar o conjunto de instituições sociais. O poder da imprensa como instrumento fiscalizador dos demais poderes obriga-a a despir-se das vantagens autoconferidas e auto-outorgadas. Ouvidores internos são importantes, ouvidores públicos mais ainda. Nada se compara ao despojamento e ao escancaramento que agora assistimos. Jornalistas saem ganhando, leitores saem ganhando e o jornal sai ganhando com a devassa propiciada pelo caso Jayson Blair. A imprensa assume-se como parte de um grande painel político, não pode manter-se em off, nos bastidores. Seus holofotes devem girar em todas as direções, inclusive para tirá-la da penumbra protetora. Se presidentes da República podem ser derrubados, se senadores podem ser punidos, se magistrados podem ser investigados, jornais e jornalistas não podem ficar impunes.(...)". Num outro texto da mesma edição, Dines comenta um recente caso brasileiro de fraude baseada em documentos forjados, que os grandes media trataram como se fossem autênticos e, tomando o caso Blair como exemplo, pergunta: "Nossos jornalões fariam o mesmo? (...) Algum repórter, editor ou publisher terá a hombridade de proclamar publicamente – "erramos" ou "desculpe o inconveniente"?! Algum jornal ou revista abrirá suas páginas para mostrar as leviandades cometidas ou convidará uma comissão de inquérito para fazer a devassa da devassa?"


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