"Os Limites do Jornalismo Livre" - é o título de um artigo de fundo que José Manuel Fernandes tem hoje no jornal que dirige, o Público. Independentemente de se estar ou não de acordo com tudo o que ele diz, parece-me muito importante que tenha escrito o texto. Coloca o campo jornalístico e todos nós perante questões de enorme delicadeza e complexidade, mas que os acontecimentos mais recentes nos recordam que são incontornáveis no debate público. Deixo apenas dois parágrafos e a recomendação da leitura do texto integral: "(...) Em muitas redacções está fortemente arreigada a convicção de que "não se pode esconder nada", que não divulgar uma informação obtida de uma fonte anónima mas fiável é "censura", ou "auto-censura", e raríssimos são os jornalistas que se mantêm fiéis ao princípio definido no "Washington Post" durante a investigação do caso Watergate: é necessário que uma informação seja confirmada por pelo menos três fontes independentes e sem relação entre elas para que possa ser publicada. Infelizmente muitos jornalistas preferem "disparar primeiro e perguntar depois", sem olhar às consequências. Por isso, neste momento tão crítico e delicado, é necessário retomar os velhos princípios, no fundo... "back to the basics". Porquê? Porque neste processo a imprensa, os media, não são apenas mediadores: ao darem certas notícias tornam-se actores pois podem gerar danos irreparáveis. (...) "...como jornalista e como director do PÚBLICO, não editaria, sabendo o que sei, as notícias que sustentavam as manchetes de sábado do "Expresso" e do "Correio da Manhã". Não porque fossem falsas, mas porque ambas têm origem em depoimentos que não foram sujeitos ao contraditório. Não porque envolvam políticos, mas porque os alvos dessas notícias não tiveram qualquer hipótese de se defender".
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