O Joaquim Fidalgo refere, na sua coluna semanal no Público, e ainda a propósito do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, evocado no sábado passado, um exercício interessante feito no programa Revista de Imprensa, da NTV, no qual ele próprio participa: "olhar para as notícias publicadas nos jornais daquele dia e imaginar quantas sobreviveriam se vivêssemos, como já vivemos, num regime de censura prévia". Depois de comprovar, com o caso do JN, que a primeira página desse dia praticamente desapareceria, comenta: "De tanto e tão saudavelmente convivermos com a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa, as mais das vezes já nem nos apercebemos de como elas são preciosas e de como fazem a diferença entre viver em democracia ou viver em ditadura. Não resolve todos os problemas, é claro, nem a existência das liberdades formais garante, por si só, o seu exercício efectivo, pleno e igual (ou não muito desigual...) por parte de todos os cidadãos. A inexistência de censura política não assegura também, por si só, o fim de todas as formas indirectas ou veladas de pequenas e médias censuras, entre elas esse perigo enorme e tão palpável de formas de autocensura em que podemos refugiar-nos só "para não criar problemas". Ainda assim, esse bem enorme de podermos dizer o que pensamos e saber o mais possível do que se passa à nossa volta, longe daquelas paisagens bucólicas tão artificiais do "reina a calma em todo o país", tem um valor inestimável que faz bem, uma vez por outra, tornarmos bem presente e bem consciente".
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