Sinais do tempo... Leio no Pastilhas:
"Uma vez comparei a explosão portuguesa dos blogues - mais do que a explosão dos blogues portugueses - à sensação levemente clandestina e altamente erótica e embriagante de trazer a fita matriz do "Closer" para Portugal. Agora, à maneira de Elizabeth Barrett Browning, preciso de acrescentar outras maneiras de amar; outras comparações. Na verdade, o impulso diário de ir ler os meus blogues - de ver o que diz X; como reagiu Y; o que se passa com Z - é mais parecido com a semana que se seguiu ao 25 de Abril de 1974. Eu estava em Évora e a minha principal actividade era fazer bicha nas poucas tabacarias da cidade, na ânsia de poder comprar um jornal de Lisboa ou do Porto que contasse o que estava a acontecer. Se acaso conseguisse aterrar as mãos planantes num rectângulo de papel impresso, levantava vôo, como se aquelas folhas molhadas de tinta cheirosa fossem aeródromos. Ao fazer o meu longo "check-in" diário junto dos vários blogues, é essa a sensação que tenho. E tudo cada vez mais à margem dos jornais com que passei a minha vida, com menos pressa de atravessar a rua para comprá-los. A isto - e muito bem - chama-se uma revolução. Obrigado."Ok! Cada experiência é única. Há aqui um encantamento tocante. Mas: "...parecido com a semana que se seguiu ao 25 de Abril de 1974"? O que se está a passar tem, certamente, o seu lado revolucionário. Mas o mundo continua a ser muito mais vasto do que a blogosfera. Esta mesma blogosfera está a alargar o mundo e a experiência do mundo. Um exercício (a fazer, por exemplo, em férias): ver a blogosfera a partir do espaço - seja este espaço o que a gente quiser - mas sempre um algures fora, um olhar distanciado.
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