Uma no cravo, outra na ferradura Armando Rafael escreve no DN sobre a viagem-surpresa do presidente Bush a Bagdad: "o Presidente dos EUA tem optado, desde a sua eleição, por comunicar directamente com os americanos. Sem intermediários e sem dar azo à necessidade de interpretações do que disse ou do que quis dizer. Daí a aposta em eventos que se impõem por si mesmo e que vivem essencialmente de duas coisas: de imagens devidamente enquadradas e de um conjunto de pequenas frases-chaves, todas elas susceptíveis de poderem ser rapidamente transformadas em múltiplos soundbites para a comunicação. (...) Desse ponto de vista, a sua viagem-relâmpago a Bagdad foi genial. E pouco importa se ela foi motivada por uma queda de popularidade em ano de eleições. O que importa é que ele fez o que tinha a fazer para tentar inverter a tendência. Com alguma dose de risco e obtendo aquilo que uma personagem mediática mais pode desejar: o efeito surpresa." O mesmo DN publica esta peça que é, sem dúvida, um contributo da administração Bush para a credibilização da ocupação do Iraque pelos EUA: "Tropas dos EUA no Iraque escrevem cartas sem saber - Ao todo, foram 11 cartas publicadas em jornais locais da Costa Leste à Costa Oeste dos Estados Unidos. (...) As cartas dos soldados americanos davam conta da alegria dos iraquianos pela sua presença. Uma delas, publicada no Tulare Advance Register da Califórnia explicava: «A maioria da cidade [Kirkuk] deu-nos as boas-vindas com os braços abertos. Depois de quase cinco meses aqui, as pessoas continuam a correr para fora das suas casas, com um calor de 110 graus (43,3 graus celsius), acenando quando as nossas tropas passam nas patrulhas diárias pela cidade». (...) Uma investigação do programa americano 60 minutes da CBS mostrou que a carta era igual a outra publicada no Boston Globe no outro lado do país e que o seu autor não fazia ideia de que a tinha «escrito», nem sequer sabia da sua existência."
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