Com leitores preparados... Por razões óbvias, não podia deixar de saudar o início efectivo da actividade do Provedor do leitor do Público, Joaquim Furtado. Da sua peça inaugural, o que me chamou mais a atenção foi um curto e discreto parágrafo que diz o seguinte: "Leitor menos preparado, menos erros encontrará. Menos questionará o que lê. Não está, portanto, em condições de exercer o seu primeiro direito: reclamar sobre o jornal que compra e receber resposta. O jornal não poderá esperar muito dele." Aqui bate o ponto - ou pelo menos boa parte. Parece inglório insistir nele, uma vez que se trata de um problema cultural que não se resolve por uma medida, um acto de vontade, uma manifestação de intenções ou um golpe de magia. Mas esta preparação dos leitores, para que se assumam pela capacidade crítica e pela capacidade interventiva, é um caminho, certamente multifacetado, que não pode deixar de ser percorrido. Designadamente na escola. Mas pouca gente vê isso e ainda menos gente investe nisso. Como disse alguém há ja bastantes anos, preferimos continuar a preparar para um mundo que já não existe. A ponte com a actualidade - partir dela, tomá-la como motivo, aprender a interrogá-la, a compreendê-la e a fazê-la - eis por onde passa hoje, em boa medida, o exercício da cidadania.
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