Deveria a imprensa ter silenciado? Miguel Sousa Tavares, no Público: " (...) Onde se diverge é na questão essencial: deveria a imprensa ter silenciado estes factos, tendo obrigação de saber que a sua divulgação poderia aproveitar a uma estratégia de defesa? Sim, dizem eles. Não, absolutamente não, digo eu. Como várias vezes sucede, confunde-se o mensageiro com a mensagem e atiram-se para cima daquele as culpas pelo conteúdo da carta que transporta. O que é grave aqui - que a imprensa divulgue que estão juntas ao processo cartas anónimas que visam envolver, sem qualquer fundamentação, um rol de cidadãos que chega ao Presidente da República, ou que tais cartas tenham efectivamente sido juntas ao processo? Que se divulgue que a acusação andou a mostrar uma selecção pessoal e aleatória de fotografias de "notáveis" às vítimas, com vista à sua eventual incriminação "caída do céu", ou que isso tenha realmente sucedido e tenha sido assumido como critério de investigação aceitável? Da resposta a estas duas perguntas depende qualquer coisa de essencial: saber se a imprensa deve silenciar este tipo de factos ou se, pelo contrário, a sua divulgação contribui decisivamente para que possamos saber que métodos de investigação são adoptados em casos desta natureza e se eles cumprem ou não as regras exigíveis num Estado de direito."
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