"Pobretes mas alegretes" Só hoje li a coluna Olho Vivo, que Eduardo Cintra Torres publica à segunda-feira no Público. Talvez nao fosse tao contundente como EPC, mas talvez nao tenha uma percepçao tao aguda como ele tem do que é, actualmente, o segundo canal e, mais geralmente, o operador de serviço público. No essencial, o que diz Cintra Torres? Que houve algumas mudanças, no sentido de um menor pendor comercial dos canais públicos, mas que no essencial tudo continua na mesma. Retenho dois pontos. O primeiro: "Não havendo quanto à prática actual do serviço público o mínimo debate público e o mínimo protesto visível por parte das elites e da sociedade civil em geral, temos de considerar uma de duas: ou há uma espiral de silêncio que ainda não coçou a borbulha que o rebenta ou a sociedade está realmente satisfeita com a situação televisiva." Pode ser ainda cedo para uma apreciaçao. Pode ser, também, que esteja a acontecer uma mudança nas práticas das tais elites e da sociedade civil em geral. Por exemplo, em que medida a internet - com a panóplia de possibilidades que abre - incluindo de ler, ouvir e ver outros media - nao está a influir no tempo dedicado à televisao? Propoe, a dado passo, EPC: "Mas há também que reflectir sobre a incapacidade e receios que a sociedade tem revelado, não aderindo com ideias, meios e vontade à primeira proposta generosa que o Estado lhe faz a nível da TV desde 1957." Aqui há vários aspectos a considerar. Nao estou seguro que o processo conduzido pela RTP tenha sido totalmente transparente, quanto ao modo como as instituiçoes da sociedade civil dpoderiam/deveriam comparticipar nos encargos da sua participaçao. Ou seja, nao sei se a "proposta generosa" o foi assim tanto ou, pelo menos, se teve em conta a especificdade de cada instituiçao convidada. É que há entidades cujas natureza e potencialidades sao diversas, sendo, por isso, injusto serem tratadas de modos iguais. Em segundo lugar, houve entidades que foram convidadas a assumir os encargos com a sua participaçao e outras em que tais encargos foram/sao assumidos pelo canal. Ainda assim, a nota de Cintra Torres é pertinente e julgo que, em alguns casos, pelo menos, deveria ter havido outra ousadia na participaçao. Ainda se está a tempo rever e corrigir.
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