Como os jornais noticiam os seus sucessos e fracassos A propósito do post de há dias, acerca dos dados referentes às posições relativas de jornais e revistas, alguns leitores terão notado discrepâncias de vária natureza, entre os dados vindos a lume. Uma primeira nota para observar que, neste tipo de informação, normalmente todos ganham alguma coisa: depende do critério seleccionado ou enfatizado. Há habilidades, a que a estatística se presta, que permitem empolar um sucesso ou disfarçar um recuo. Mas a questão pode ser mais funda. Tomemos um exemplo: afinal, o "24 Horas" superou a circulação do "Público", tornando-se, assim, no terceiro diário do país, como afirma o JN, ou apenas se aproximou do diário do gruopo SONAE, como afirma o próprio "Público"? A resposta é simples: cada um utiliza um critério diferente para veicular a informação (que lhe interessa). O "Público serve-se da circulação paga, relativa aos jornais vendidos por assinatura e nas bancas; o JN alude à circulação total, que inclui também as ofertas. Neste caso atrás, não está em causa a pertinência de cada critério utilizado. É claro que cada um deles tem as suas vantagens e os seus limites, do ponto de vista da economia das empresas e da audiência dos diferentes títulos. Mas, no caso, não deixa de ser psicológica e sociologicamente importante saber se é o recém-chegado "24 Horas" ou o prestigiado "Público" que ocupam os primeiros lugares do podio. A verdade é que, por detrás destas leituras, reside um excelente tema para investigação jornalística e e académica: como é que os media, e não apenas a imprensa, se noticia a si mesma? Que metadiscurso elabora sobre o campo em que se inscreve? Como se joga também aí a credibilidade de cada um dos meios, sobretudo à medida que os públicos começam a ter mais recursos para comprara e analisar a informação disponível?
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