Notas sobre os dias que passam Viu-se isso nas duas últimas semanas e volta a ler-se nestes dias. É um processo que não tem nada de novo, mas que ganha novos contornos, no quadro político que se encontra em reformulação. Anuncia-se algo, anuncia-se um facto como se ele fosse antecipadamente seguro e inevitável ou estivesse prestes a ocorrer e, se os factos mostrarem que esse algo afinal não se confirma, é porque alguém recuou. A responsabilidade é sempre dos factos e dos actores nele envolvidos. Não de quem os noticia - os noticia ... sem fontes, recorrendo calmamente a essa expressão suprema da retórica do anonimato das fontes que é o "segundo apurou o jornal X". Quem é que havia de "apurar"? A questão é que, na ânsia de dar informação em primeira mão e de bater a concorrência, se transforma o jornalismo num teatro de sombras, encenado por lógicas exteriores ao jornalismo e comprometendo, dessa forma, a credibilidade da própria informação. É um caminho que pode parecer sedutor no imediato. Que até pode trazer alguns êxitos aparentes. O saldo final poderá ser, porém, o descrédito do jornalismo. Ora o descrédito do jornalismo é, hoje muito mais do que ontem, necessariamente o descrédito da liberdade e da democracia. Em tempo: O director de "A Capital", em coerência com o editorial que assinou no sábado, pedidndo desculpas aos leitores, pôs o seu lugar à disposição e solicitou uma posição do Conselho de Redacção (CR). "Este, antes de se pronunciar - informa o "Diário de Notícias" - quer saber a opinião dos jornalistas, que se pronunciarão hoje pelas 15.00". O caso de "A Capital" representou, no meu modo de ver, não o totalmente diverso, mas o extremo de um continuum em que muitos outros jornais se inscrevem.
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