Notas para uma revista de imprensa
- O debate desta noite entre Santana e Sócrates, a emitir em directo na SIC e na
Dois, "à americana", é um dos assuntos de destaque na imprensa generalista de hoje. O tom varia entre o discreto e o suspense. De qualquer modo, é o único momento em
que os dois candidatos a primeiro-ministro se confrontam e discutem as suas
propostas.
- O papel dos blogues nesta campanha merece destaque no Diário de Notícias. Depois de, nos últimos dias, a imprensa ter dado destaque à "campanha" paralela que decorre no Abrupto, o DN alude ao ensaio de João Canavilhas "Blogues políticos em Portugal o dispositivo criou novos actores?" e faz uma revisão aos blogues dos líderes partidários.
- O mesmo diário refere que Marcelo Rebelo de Sousa vai estar na noite eleitoral na RTP a comentar os resultados. Não esclarece se ele vai estar em representação do seu partido, mas supõe-se que não. O que o diário diz que ele é "tido como um potencial candidato à liderança do PSD, caso Santana sofra um desaire eleitoral". Vamos, por conseguinte, continuar a ter análises superinteressadas que passam por intervenções independentes legitimadas pelo estatuto de professor e analista político.
- No Público há uma atenção especial à exposição das vidas pessoais e familiares dos líderes partidários no espaço público. Ao ler a peça assinada por Ana Sá Lopes intitulada "Sócrates Foi Aconselhado mas Recusou Mostrar Filhos", torna-se evidente como o referencial da acção política continua a ser profundamente associado ao masculino. Mulheres e crianças são (ou não) exibidas como peças de enfeite ou de protocolo.
- A este propósito, deixo uma observação de Francisco José Viegas, no JN, a propósito das célebres alusões e insinuações feitas pelo líder do PSD: "Santana Lopes defende-se e diz que a sua vida é pública e conhecida. É verdade. Infelizmente para ele. Durante anos mostrou-a nas páginas das revistas, num rodopio quase infernal e esquizofrénico. Mas há figuras públicas que, com toda a legitimidade e com todo o direito, se recusam a abrir as portas de suas casas ao escrutínio e à vigilância da moral. Têm todo o direito. A vida privada não nos interessa realmente. Gostamos de imaginá-la, porque somos perversos, maldosos e humanos. Até admito que gostamos de conhecê-la. Mas achamos que, não ultrapassando a lei geral, não deve prejudicar a vida pública de ninguém".
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