A cobertura do fim de um papado marcante É compreensível o interesse em torno da figura de João Paulo II, agora que a morte parece iminente. Os ajuntamentos de católicos preocupados com a saúde do papa são, ao mesmo tempo, resultado e motivo da cobertura mediática. Mas os media podem ter caído numa armadilha involuntária: terem-se convencido de que a morte de João Paulo II está por horas ou mesmo por dias. Pode ser que sim. mas também pode acontecer que resista. E todo o aparato vir a redundar num esgotamento de recursos e num cansaço geral que esvaziará o momento da morte. De certo modo, para os media o papa já morreu. Já se fizeram os balanços do pontificado, já se traçaram os cenários para o conclave. Só que o conclave não se reúne sem o papa morrer e sem terem passado alguns dias. Seria interessante ir ressuscitar a memória dos que viveram a transição de João Paulo I para João Paulo II, no longínquo ano de 1978. Percebe-se pouco o que se está a passar sem essa retrospectiva, sem compreender o estilo novo inaugurado, a acção do papa em processos marcantes que mudaram a face do mundo nas duas décadas finais do século XX. Se ao menos a cobertura mediática nos ajudasse a compreender melhor tudo isto! E o que se pode estar a jogar, na transição que se avizinha...
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