Os media e os incêndios O texto "A indústria dos incêndios", que o sub-director de Informação da SIC, José Gomes Ferreira, publicou no site da estação, no passado dia 4, teve um significativo eco no ciberespaço e, em especial, na blogosfera (mais de 400 referências no Google). Contudo, ele foi em geral entendido apenas como uma chamada de atenção das autoridades, sublinhando as motivações económicas que podem estar por detrás de uma boa parte dos fogos. Mas não será que aquele texto constitui também- ou deveria constituir - uma chamada à responsabilidade dos media, e, desde logo, da própria SIC? Aquele escrito constitui, antes de mais, uma impressionante e bem elaborada agenda de investigação jornalística. Tão mais importante quanto, exactamente pelos interesses em jogo, existe a fortíssima probabilidade de ninguém querer mexer em factores tão "explosivos". Deste ponto de vista, o destaque de hoje do DN constitui um trabalho meritório, mas sabe a pouco. Sendo mais justo: sabe a um "introito".
O trabalho do DN tem o grande mérito de combater, com algum destaque, o "mito urbano" relativo aos incendiários - apenas 20% dos fogos têm esta origem.
Algo que, talvez por ser menos apelativo, tem sido pouco explorado pelos OCS.
Sabendo-se que a maioria dos fogos tem origem acidental (sardinhadas, queimadas, cigarros), os OCS têm um papel/dever relevante de sensibilização das populações. Em vez de alinharem nos discursos fáceis do "fogo posto", que só introduzem ruído nas discussões.
Não tenho dúvidas que a maioria da população portuguesa acredita que os incendiários são responsáveis pela maior fatia dos fogos. Assim, como é que se pode criar uma cultura de responsabilização cívica??