Weblogue colectivo do projecto Mediascópio - CECS / Universidade do Minho | RSS: ATOM 0.3 |




Envie este post



Remember me (?)



All personal information that you provide here will be governed by the Privacy Policy of Blogger.com. More...



Uma campanha triste Numa pequena viagem que fiz ontem à tarde, revisitei lugares que há 15 dias não via. Doloroso até mais não poder. Os bocados de mata que ainda se mantinham verdes no início do mês tinham-se evaporado. A mesma serra, que ardera pela metade, tinha, agora, o trabalho completado ou em vias disso. São quilómetros e quilómetros de terra escura. crefl1_143.A2005232111000-2005232111501.1kmE sempre o mesmo fumo que faz o dia escurecer e o sol adquirir as cores do fim dos tempos. No regresso, uma auto-estrada cortada nos dois sentidos. Um desvio obrigatório por estradas secundárias e... novas manchas queimadas, novos incêndios, alguns deles mesmo a iniciar-se. Até agora, eu tendia a falar numa "quadra de fogos", instituída e naturalizada, assumida como dado inveitável e quase óbvio. Agora isto parece-me mais uma campanha, um furor em que convergem motivos e interesses diversos, cujo propósito poderá não ser acabar com as manchas verdes em Portugal, mas cujo resultado tende a ser exactamente esse. Do fundo da tristeza e da revolta apetece ser cínico e começar a identificar antes o que há ainda para arder. A normalidade é o fogo. Para retomar uma "petite guerre" deste Verão, sou dos que entendem que seria grave que os media deixassem de noticiar os fogos ou mesmo que não mostrassem imagens. Agora o que tem acontecido na maior parte dos casos da cobertura televisiva - e correndo o risco de ser injusto com quem anda no terreno - é o exemplo da não notícia. E isto precisamente porque a "normalidade" não é notícia. Como escrevia ontem Paulo Cunha e Silva no Diário de Notícias, "as televisões mostram todas os dias em prime time esta sequência monótona, como se o fogo fosse já um modo de vida. Uma extensão do nosso fado". O que o leva, e com razão, a falar, de uma "redundância infinita das imagens". Ora, quando há tal "redundância infinita" é de suspeitar que já não haja jornalismo. Os helicópteros que, em alguns casos, pelo menos, levam os repórteres a colher as estafadas imagens dos incêndios não poderiam servir para traçar panorâmicas e mostrar a catástrofe que, dia a dia, alastra no país? Para que servem os mapas, as infografias? Perante a gravidade da situação, não chega dizer que há tantos incêndios por controlar, tantos bombeiros a procurar controlá-los ou xis áreas de hectares consumidos. É preciso dizer às pessoas o que é que em cada momento se está a passar, de modo a que a informação seja útil para elas (veja-se este post do Abrupto), mas é necessário visualizar em imagens reais e em mapas o que se está a passar com este país. Se não se acorda agora, a experiência diz-nos que daqui a um ano cá nos encontraremos com as mesmas jeremiadas. (Crédito da foto, captada ontem: MODIS Rapid Response System / NASA)


0 resposta(s) para “”

Responder





Quem somos

» Manuel Pinto
» Helena Sousa
» Luis Antonio Santos
» Joaquim Fidalgo
» Felisbela Lopes
» Madalena Oliveira
» Sara Moutinho
» Daniela Bertocchi
» Sergio Denicoli

» E-MAIL

Últimos posts

» São todos jornalistas? Sinal dos tempos: o Libéra...
» A Media Capital, o Governo e a Prisa: opiniões No...
» Dez anos de Internet É claro que ela é mais antig...
» Leituras * «São as batedeiras eléctricas sumo de...
» "El País" prepara-se para lançar "O País" em Portu...
» Mudança de provedor em La Vanguardia Josep Maria ...
» Leituras no/do "Público" * O destaque do diário v...
» "O Comércio do Porto" em blogue O pessoal de O Co...
» Direitos dos cidadãos nos media O Público noticia...
» Sentença de morte * A Prensa Iberica concretizou ...

Ligações


Arquivos

» abril 2002
» maio 2002
» junho 2002
» julho 2002
» agosto 2002
» setembro 2002
» outubro 2002
» novembro 2002
» dezembro 2002
» janeiro 2003
» fevereiro 2003
» março 2003
» abril 2003
» maio 2003
» junho 2003
» julho 2003
» agosto 2003
» setembro 2003
» outubro 2003
» novembro 2003
» dezembro 2003
» janeiro 2004
» fevereiro 2004
» março 2004
» abril 2004
» maio 2004
» junho 2004
» julho 2004
» agosto 2004
» setembro 2004
» outubro 2004
» novembro 2004
» dezembro 2004
» janeiro 2005
» fevereiro 2005
» março 2005
» abril 2005
» maio 2005
» junho 2005
» julho 2005
» agosto 2005
» setembro 2005
» outubro 2005
» novembro 2005
» dezembro 2005
» janeiro 2006
» fevereiro 2006
» março 2006
» abril 2006
» maio 2006
» junho 2006
» julho 2006
» agosto 2006
» setembro 2006
» outubro 2006
» novembro 2006
» dezembro 2006
» janeiro 2007

Livros

TV do futebol

» Felisbela Lopes e Sara pereira (orgs) A TV do Futebol; Porto: Campo das Letras

» Televisão e cidadania. Contributos para o debate sobre o serviço público. Manuel Pinto (coord.), Helena Sousa, Joaquim Fidalgo, Helena Gonçalves, Felisbela Lopes, Helena Pires, Luis António Santos. 2ª edição, aumentada, Maio de 2005. Colecção Comunicação e Sociedade. Campo das Letras Editores.

» Weblogs - Diário de Bordo. António Granado, Elisabete Barbosa. Porto Editora. Colecção: Comunicação. Última Edição: Fevereiro de 2004.

» Em nome do leitor. As colunas do provedor do "Público". Joaquim Fidalgo. Coimbra: Ed. Minerva. 2004

» Outras publicações do CECS

Eventos

» Conferência: A Nova Entidade Reguladora no quadro das políticas de Comunicação em Portugal (2006)

» I Congresso Internacional sobre Comunicação e Lusofonia (2005)

» Jornadas ?Dez Anos de Jornalismo Digital em Portugal: Estado da Arte e Cenários Futuros? (2005)

» Todos os eventos







Subscribe with Bloglines


Technorati Profile Powered by Blogger and Blogger Templates