O que faz a pressa de ser o primeiro " (...) Os jornais atribuíram aos desembargadores [que decidiram o não-pronunciamento de Paulo Pedroso] afirmações que, abundantes de adjectivos, se diriam mais próprias de parte interessada que de juízes serenamente isentos, como as que classificavam as denúncias das vítimas de "delirantes" ou as que acusavam o MP de "manipulação grosseira de depoimentos". Os advogados dos arguidos exultaram e, sorrindo de orelha a orelha, tentaram imediatamente levar tais afirmações ao moinho dos seus clientes. Só que o que veio nos jornais é mentira. As afirmações atribuídas aos juízes são, afinal, meras transcrições que o acórdão faz das afirmações dos próprios advogados. Ou seja, os advogados, aproveitando a impreparação de alguns jornalistas para ler um acórdão judicial, deitaram os foguetes e correram a apanhar as canas. E agora? Que ficou a pensar da Justiça quem leu os jornais e viu as TV e não soube dos esclarecimentos posteriormente feitos pelos juízes?" Manuel António Pina, Jornal de Notícias, 14.11.2005 Não foi apenas nos jornais. Os mesmos adjectivos e transcrições ouvi-as pelo menos numa rádio. O caso constitui um (péssimo) exemplo do que dá a pressa de ser o primeiro e de bater a concorrência. Recebe-se um documento, folheia-se ao acaso e despeja-se para a notícia um "soundbite" conveniente, sem cuidar de ver o contexto.
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