O Canal Plus realizou em Abril passado uma reportagem intitulada"
Todos são repórteres: será o fim dos jornalistas?", sobre o "jornalismo dos cidadãos", tema recorrente dos dias que passam. Ariel Wizman e Laurent recolheram depoimentos em França, Itália, Inglaterra e Estados Unidos da América. Há ainda depoimentos de nomes como Loic Le Meur, Dan Gilmor ou Joël de Rosnay. O que se vê são alguns extractos do programa.
Apenas hoje tive tempo de ver o v?deo, que me chamou a aten??o para algo at? ent?o insuspeito a meu ju?zo: a contradi??o intr?nseca ? express?o "jornalismo cidad?o", para al?m de qualquer fundamenta??o de ordem te?rica a respeito do que ? jornalismo. Pois, ao comentar as cr?ticas a seu comportamento durante a entrevista com o ministro Nicolas Sarkozy - e, entre outras coisas, a possibilidade de infra??o ao c?digo deontol?gico -, Lo?c le Meur argumentou simplesmente que n?o era jornalista. O que foi ratificado por Carlo Revelli, no coment?rio subsequente.
Ora, j? seria l?gico dizer que, se todos somos jornalistas, ningu?m o ? (ou seja, n?o haveria mais jornalismo depois da internet e dos blogs). Por?m, se n?o s?o jornalistas, como afirmar-se o conceito de "jornalismo" cidad?o? Ou os blogueiros ser?o "jornalistas" apenas quando for interessante, isto ?, apenas no que disser respeito a direitos, e n?o o ser?o quando se lhes cobrarem os deveres?
Pareceu-me esta uma boa quest?o a ser colocada a partir do v?deo. E que conduz a outra, de cunho igualmente pol?tico: ainda que pud?ssemos admitir como boa - e isenta de apelos demag?gicos, sobretudo em per?odos eleitorais - a hip?tese de um ministro de Estado receber um cidad?o qualquer em seu gabinete, e ainda que desconsider?ssemos a import?ncia daquele ministro em particular, no contexto dos conflitos sociais por que a Fran?a passou recentemente, ser?amos de todo modo for?ados a indagar que crit?rios levariam ? escolha deste ou daquele cidad?o "qualquer" para t?o privilegiado encontro.