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Noticiar em causa própria


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A semana que passou trouxe-nos uma série de episódios relacionados com os jornalistas que não devem passar sem registo.
O mais significativo deles todos é, sem dúvida, a decisão governamental de pôr fim ao regime especial de segurança social dos profissionais do jornalismo (incluindo o seu sub-sistema de saúde), corporizado na Caixa de Previdência dos Jornalistas.
O Sindicato tem conduzido uma luta frontal contra essa decisão e várias outras iniciativas se desencadearam ou se preparam para tentar barrar a concretização da medida. Em certo sentido, isso é legítimo, até porque além do aspecto que mais tem vindo a lume - a possibilidade de livre escolha de serviços médicos, reembolsáveis pelo Ministério da Saúde - os montantes das comparticipações não são nada de desprezar.
O que no meio de tudo isto importa perguntar é se a informação sobre esta matéria tem sido equilibrada e rigorosa. E, neste ponto, o que temos visto não é tranquilizador. Será, por exemplo, razoável que o assunto tenha merecido, no jornal das 21h da SIC-Notícias de quinta-feira, uma entrevista com a presidente da Caixa dos Jornalistas com a duração de 15 minutos? Ainda para mais com um Mário Crespo atrapalhadíssimo, a emitir opiniões e juízos, numa confusão lamentável de papeis? (cf. neste contexto, a posição sobre o assunto tomada pelos jornalistas da SIC).
É razoável, por outro lado, que o Clube de Jornalistas tenha promovido o seu programa de quarta-feira última, em A Dois, apenas com defensores de um dos lados da questão, sabendo-se que vozes diversas se têm expressado na Imprensa? Mais: será bom sinal que o site do mesmo Clube de Jornalistas esteja a constituir um dossier sobre posições relacionadas com a Caixa dos Jornalistas apenas com opiniões contrárias à medida, não dando espaço às opiniões que vão noutro sentido?
É citado com frequência um estudo de 2000, que indicará que os descontos dos beneficiários pagavam o subsistema e ainda sobravam 3 milhões de contos (15 milhões de euros) para a Segurança Social. E que os encargos com cada beneficário rondam os 385 euros por pessoa/ano, um terço do que a Segurança Social estará a gastar, em média, com cada um dos restantes utentes. Estes dados estão a ser devidamente verificados, pelos jornalistas que têm estado a tratar jornalisticamente o assunto?
É evidente que não é fácil exercer o jornalismo quando se tem de tratar problemas que jogam com os interesses imediatos dos jornalistas. Mas é por aqui que começa (e acaba) a credibilidade do próprio jornalismo, se algumas regras básicas da profissão não forem acauteladas. E, aparentemente, não estão a ser. Numa matéria, como parece óbvio, politicamente sensível.
[De resto, temos visto, em tempos recentes, outros sinais inquietantes, que vão no mesmo sentido. Como o director do Público a tratar, como actor, assuntos ligados ao exercício das suas funções numa entrevista ao presidente da ERC. Ou como José Rodrigues dos Santos a abrir o Telejornal de sábado com a notícia da morte de três jornalistas portugueses no Chile, no mesmo dia em que grande parte do país se encontrava sob os efeitos das cheias e, em que, por exemplo, "O Douro subiu sete metros no Porto e em Gaia"]


13 resposta(s) para “Noticiar em causa própria”

  1. Anonymous Anónimo 

    A refer?ncia aos crit?rios do site do Clube de Jornalistas exige a seguinte clarifica??o:

    - O site do CJ n?o ? um ?rg?o de informa??o, logo n?o est? sujeito a qualquer crit?rio de natureza jornal?stica.

    - O site do CJ reproduz, qualquer que seja o assunto, as opini?es de que tem conhecimento e destas as que entende que justificam a inser??o no site. N?o ? uma mera c?mara de eco.

    - O site do CJ nunca recusou a publica??o de qualquer texto que lhe tenha sido enviado, por raz?es de opini?o.

    - Se algu?m tem argumentos favor?veis ao encerramento da Caixa dos Jornalistas e pretender que eles sejam publicados no site do CJ basta usar os meios que o pr?prio site p?e ? sua disposi??o.

    Jo?o Alferes Gon?alves, Coordenador do site do CJ

  2. Anonymous Anónimo 

    Caro Joao,

    Nao e esse o argumento principal do Manuel Pinto.

    E sobre o argumento principal...nem uma palavra.

    Dito isto, considero infeliz fazer-se a defesa de um site chamado 'Clube de Jornalistas' dizendo que "nao esta sujeito a qualquer criterio de natureza jornalistica".

    Caro Joao,

    Nao precisaria de estar sujeito a coisa nenhuma para exercer o mais basico dos pre-requisitos da profissao: o bom senso.

    E esse mandaria que nao se tivesse feito um programa inteirinho de propaganda a uma so posicao (seja ela qual for e seja o tema o que seja) e mandaria que se mostrasse, em casa, aquilo que tanto se apregoa fora dela.

    So isso.

  3. Anonymous Anónimo 

    No passado dia 21, escrevia-se assim no Editorial do P?BLICO:

    "(...) 2. Mais acertado esteve o Governo ao anunciar que vai acabar com o regime especial de sa?de de que beneficiam os jornalistas. Esta posi??o, ultra-minorit?ria entre os jornalistas, ? tomada em consci?ncia e n?o por, pessoalmente, beneficiar de um sal?rio mais elevado do que a m?dia ou de o meu jornal incluir entre os seus benef?cios sociais um seguro de sa?de. N?o me parece ? bem que o Sindicato invoque um estatuto de regalia relativa falando das condi??es de desgaste desta profiss?o, por certo mais elevadas do que moutras, mas muito menos do que em tantos misteres mais mal pagos. ? tamb?m desprestigiante para os jornalistas que se invoqueserem os nossos descontos para seguran?a social superiores aos encargos da seguran?a social com os jornalistas, pois o princ?pio do nosso sistema p?blico ? o da solidariedade de todos os que trabalham com todos os que est?o reformados ou desempregados, enquanto o sistema de sa?de ? financiado integralmente pelo Or?amento de Estado, isto ?, pelos impostos e n?o pelos nossos descontos. Quem defendeu o fim dos regimes de excep??o de ju?zes e pol?cias, por exemplo, n?o podia defender a excep??o para a classe profissional de que faz parte."

    N?o sei se qualquer outro ?rg?o de informa??o dedicou um editorial ao assunto. Sei que n?o enviei o texto para publica??o no site do Clube dos Jornalistas. Sei tamb?m que este n?o o entendeu relevante cit?-lo. N?o sei se o texto de Baptista Bastos foi enviado para publica??o, mas foi publicado na ?ntegra. O mesmo tem sucedido com os textos do provedor do leitor do P?BLICO, e julgo que ele n?o solicita a sua reprodu??o. Da? que insista no ponto de Manuel Pinho: esse site ? imparcial, d? voz a todas as opini?es, ou s? a algumas?
    Julgo que n?o ? dif?cil encontrar a resposta frequentando-o...

  4. Anonymous Anónimo 

    Caro Luis Santos

    Como parece n?o ter percebido o que escrevi, nem a condi??o em que o fiz, reproduzo as tr?s linhas do post de Manuel Pinto a que o meu coment?rio responde:

    ?Mais: ser? bom sinal que o site do mesmo Clube de Jornalistas esteja a constituir um dossier sobre posi??es relacionadas com a Caixa dos Jornalistas apenas com opini?es contr?rias ? medida, n?o dando espa?o ?s opini?es que v?o noutro sentido??

    Sobre o facto de considerar ?infeliz? que eu diga que o site n?o est? sujeito a crit?rios de natureza jornal?stica, lamento ter-lhe causado infelicidade, mas essa ? a realidade.

    (? margem desta quest?o, aproveito para lhe dizer que, pessoalmente, n?o considero o ?bom senso? um requisito b?sico da profiss?o. Trata-se de um "requisito" que, em geral, conduz ao "politicamente correcto". E o jornalismo, como eu o vejo, n?o deve ser nada, mas mesmo nada, politicamente correcto).

    O Jos? Manuel Fernandes, pelo contr?rio, percebeu bem o que eu escrevi. N?o me vou deitar a adivinhar se ele sabe que o site reproduz com muita frequ?ncia artigos de opini?o publicados no jornal que dirige (independentemente da concord?ncia ou n?o com o conte?do dos artigos), mas a avaliar pela observa??o que faz em rela??o aos textos do provedor do leitor do "P?blico" d? a ideia que sim.
    Quanto ? sua d?vida existencial sobre se o site ?d? voz a todas as opini?es ou s? a algumas? tem bom rem?dio ? ? s? enviar para publica??o a sua opini?o e fica esclarecido.

  5. Anonymous Anónimo 

    Caro Joao,

    Talvez estejamos mesmo perante um conjunto de realidades infelizes:

    a realidade de um Clube de Jornalistas que opta por se ausentar do exercicio da profissao quando acha mais adequado;
    a realidade de um site que - segundo diz - se rege por criterios nao jornalisticos e que, ainda assim, esta disposto a aceitar 'o que for enviado para publicacao' (e, entao, ficamos numa coisa ou noutra?);
    a realidade de um jornalista (o responsavel pelo site desse Clube) achar preferivel a irresponsabilidade ao bom senso.

    Esta - infelizmente - bem clara a realidade. E nao deixa de ser preocupante - para a profissao e para quem nela quer acreditar.

  6. Anonymous Anónimo 

    Caro Luis Santos

    1 ? Voc? insiste, apesar da minha observa??o anterior, em trazer para a conversa o Clube de Jornalistas. N?o sei se tenho que fazer um desenho para que perceba que eu n?o represento o Clube de Jornalistas e, por isso, n?o posso responder ?s quest?es que levanta (na minha opini?o sem fundamento) em rela??o ao CJ.

    2 ? Quanto ao site, voc? v? uma contradi??o no facto de ele se reger por crit?rios n?o jornal?sticos e, ao mesmo tempo, aceitar publicar textos de opini?o que lhe sejam enviados. N?o consigo vislumbrar que tipo de racioc?nio est? por detr?s dessa l?gica. Por muito que isso o contrarie, essa ? a realidade do site (bem vis?vel nas pe?as arquivadas) e assim continuar?. Ali?s, por muito que isso o possa surpreender, essa, por acaso, ? a realidade de uns largos milh?es de sites.

    3 ? Uma coisa que eu sei que os jornalistas n?o devem fazer ? inventar coisas e p?-las na boca de outra pessoa. N?o escrevi e nada o autoriza a afirmar que eu prefiro a irresponsabilidade. Pelo contr?rio, afrontar o pensamento dominante, as press?es para o jornalismo manso do ?bom senso?, defender os princ?pios contra a complac?ncia, exige coragem e uma responsabilidade total. Porque esse tipo de jornalismo responsabiliza quem o faz. E ? prefer?vel perder uma promo??o por fazer esse jornalismo do que receber um mar de benesses em troca da placidez do ?bom senso?.
    A ?clara realidade?, meu caro, ? que n?o ? voc? nem ningu?m que pode definir o ?bom senso? e, muito menos, decidir que eu devo submeter-me a esse ?bom senso?. O que n?o deixa de ser preocupante para a profiss?o ? que se admita como doutrina que o jornalismo pode ter a moral p?blica (que ? outro nome para o ?bom senso? e uma coisa muito diferente da ?tica profissional) como factor condicionante. Onde ? que est? a medida que diz que o seu senso ? ?bom? e o de outros ? ?mau??
    E j? que falei de ?tica, pe?o-lhe encarecidamente que n?o invente coisas que eu n?o disse s? porque lhe d? jeito para a argumenta??o.

  7. Anonymous Anónimo 

    O bom senso n?o ? requisito b?sico da profiss?o de jornalista?! Bom, eu j? acho bizarro que um jornalista diga isto. Mas que um respons?vel do Clube de Jornalista o diga, ? motivo de abertura de telejornais! Pobre profiss?o... vou ter mais cuidado com o jornalismo, l? isso vou.

  8. Anonymous Anónimo 

    Caro Joao,

    Nao sei de onde lhe vem essa veemente oposicao ao bom senso e a equiparacao facil e abusiva a algo como o 'politicamente correcto', ou a 'complacencia'.
    O bom senso nao e algo a que tenhamos que nos submeter - e uma questao de educacao, de consciencia e de respeito pelos leitores/ouvintes/telespectadores (rigor, transparencia, humildade).

    Deixo-lhe apenas a definicao que para mim assumo de bom senso (e a que vem nos diccionarios; neste caso escolhi o da Porto Editora):

    "senso
    substantivo masculino
    1. faculdade de julgar; entendimento; juizo;
    2. raciocinio;
    3. intuicao;
    4. circunspeccao; prudencia;
    5. compreensao; percepcao;

    bom senso criterio sao; faculdade de bem ajuizar nas circunstancias comuns da vida".

    Mas importa que isto nao nos desvie do essencial - e o essencial (o que esteve na origem do post) e o seguinte:

    e ou nao importante um debate alargado e plural sobre a Caixa e outras questoes do jornalismo, em Portugal?
    O CJ pode e quer ter um papel nesse debate, como seria esperavel que tivesse?


    Isto sim, Joao.

    Que o resto nao nos distraia.

  9. Anonymous Anónimo 

    Caro Luis Santos

    1 ? O debate ?alargado e plural? sobre a Caixa dos Jornalistas come?ou h? mais de cem anos e tem decorrido onde deve decorrer: nas institui??es que asseguram os direitos sociais dos jornalistas. Os jornalistas criaram e mantiveram uma caixa de previd?ncia pr?pria trinta anos antes de ser institu?do em Portugal um sistema estatal de previd?ncia. A hist?ria desse processo ? conhecida. Mesmo no caso presente, o debate j? est? a decorrer. A opini?o esmagadoramente maiorit?ria dos associados das diversas institui??es de jornalistas tamb?m ? conhecida. Contrariamente ao que voc? pensa, os direitos sociais dos jornalistas n?o s?o uma quest?o que se possa colocar no mesmo plano das ?quest?es do jornalismo?. Qualquer cidad?o se pode pronunciar sobre qualquer coisa, mas os direitos sociais de uma classe n?o s?o referend?veis fora dessa classe. N?o passa pela cabe?a de ningu?m submeter a discuss?o nacional o hor?rio semanal de trabalho dos jornalistas. Onde nasce a peregrina ideia de que o direito ? assist?ncia m?dica deixa de ser uma quest?o social para passar a ser uma ?quest?o do jornalismo?, como a liberdade de imprensa ou a manipula??o informativa? Acaso algu?m se atreve a reclamar um debate nacional sobre a organiza??o da assist?ncia m?dica de outros grupos de cidad?os?
    Esta semana est?o marcados, pelo menos, dois debates ?alargados e plurais? sobre a Caixa dos Jornalistas. Mas isso j? voc? deve saber.

    2 ? Eu j? desconfiava que voc? acabaria por recorrer ao dicion?rio. Mas a quest?o do ?bom senso?, como a do ?senso comum?, n?o se resolve no dicion?rio. Esses dois conceitos t?m sido objecto de discuss?es filos?ficas ao longo dos ?ltimos tr?s s?culos, com clivagens acentuadas entre as diversas correntes de pensamento.
    Gramsci, por exemplo, demonstra que o ?senso comum? ? um conjunto de conceitos onde cada um encontra qualquer coisa que lhe agrade e que tanto o ?senso comum? como o ?bom senso? variam com o estrato social. Muitos outros fil?sofos convergem na opini?o de que ambos os conceitos s?o modelos conservadores de pensamento e obst?culos permanentes ? ruptura epistemol?gica. O que os afasta, obviamente, da natureza do jornalismo.
    Einstein dizia que o senso comum ? uma ?colec??o de preconceitos? que se adquire na juventude, o que n?o surpreende, sabida que ? a incompatibilidade do senso comum com o pensamento abstracto.
    Este n?o ? o espa?o para aprofundar a an?lise filos?fica desses conceitos ? almas como a do Ant?nio acima at? poderiam entrar em p?nico ?, mas a ?equipara??o f?cil e abusiva? ? esta:
    - O ?bom senso? impedir? um jornalista de reportar um assunto protagonizado muito negativamente por pessoas ou empresas detentoras do capital da empresa jornal?stica para a qual trabalha.
    - O ?bom senso? dificultar? a publica??o de uma reportagem, se ela puser em causa uma volumosa campanha publicit?ria.
    - O ?bom senso? trava o impulso do jornalista para cair em situa??es complicadas, como enfrentar a pol?cia ou investigar com risco de vida um bando de traficantes de droga.
    - O ?bom senso? aconselha o jornalista a acreditar nas vers?es oficiais, em detrimento da opini?o de um cidad?o an?nimo.
    - O ?bom senso? afasta dos media as quest?es chamadas ?fracturantes?, por estarem em confronto com o ?senso comum?.
    A lista ? infind?vel e poderia ser acompanhada de exemplos pr?ticos e reais. Seria um bom tema de investiga??o para estudantes de jornalismo pouco distra?dos.

  10. Anonymous Anónimo 

    Caro Joao,

    1. Estamos conversados.
    O Joao parece entender o jornalismo como um exercicio privado de uma classe que, so por acaso, e desenvolvido com/para/e por causa do espaco social em que existe.
    Eu entendo o jornalismo como uma actividade social que so justifica a sua existencia se construir para si - com rigor, transparencia e humildade - um capital de credibilidade junto das pessoas que serve.
    Apesar de nao concordar, aceito que a sua visao e ainda partilhada por um numero consideravel de jornalistas.


    2. Gramsci - evidentemente.

    Mas olhe que Gramsci nao 'demonstra'; Gramsci 'teoriza', o que como bem sabe e coisa diversa.

    (teria muito gosto em discutir consigo o enquadramento historico, social e politico em que Gramsci viveu e escreveu, os seus importantes contributos para a ciencia politica...a forma como eles influenciaram tantas geracoes de pensadores...as virtudes e as limitacoes...mas nao aqui, claro)

    Quanto as perguntas, em se tratando de um (ou de uma) jornalista e centrando-me apenas no que deve ser a sua conduta: nao, nao devera, nao pode, nada disso.

    Uma vez mais - parece-me - o Joao labora num equivoco simplista; o de pensar que bom senso equivale a cedencia, a complacencia, a falta de brio profissional.
    A pergunta que lhe deixo e a seguinte (e haveria tantas outras): um reporter fotografico que, perante uma catastrofe humana, escolhe a foto menos grafica mas mais simbolica esta ou nao a exercer bom senso? E o trabalho e ou nao melhor?

    Sabera tao bem como eu que, em muitas situacoes, fazer espalhafato e bem menos corajoso e bem menos produtivo do ponto de vista do exercicio da profissao do que avancar com prudencia.
    Levantar a voz so por levantar nao garante que sejamos ouvidos...ou como dizem Kovach e Rosenstiel, "Do no Add".

  11. Anonymous Anónimo 

    Caro Luis Santos

    Voc? evidencia uma capacidade not?vel para colher p?ssegos numa laranjeira (?...parece entender o jornalismo... ? etc.).
    Como tenho levado isto com desportivismo, vou juntar essa ? acusa??o de irresponsabilidade, simplismo e ao repetido tom paternalista (este ?ltimo um bocado contra natura, diga-se). Mas devo lembrar-lhe que 45 anos de profiss?o falam mais sobre o meu entendimento do jornalismo e sobre a credibilidade do que as suas interpreta??es fantasiosas do que me passa pela cabe?a.
    As minhas actividades sociais n?o s? n?o incluem o jornalismo, como s?o muito reduzidas. Imagine que nem frequento bares e discotecas. Mas quanto ao jornalismo ? conhecido o meu entendimento, te?rico e pr?tico, de que tem uma fun??o social e n?o escapa aos mecanismos de classe. (NB: escrevi DE classe, n?o DA classe).
    Mesmo depois desta explica??o, n?o seja apressado a concordar ou discordar da minha ?vis?o? do jornalismo. Voc? n?o pode fazer uma ideia aproximada de qual ?.

    Quanto ao ?Gramsci ? evidentemente? (esse seu ?evidentemente? ? interessant?ssimo) foi apenas um exemplo. Antes e depois h? muitas opini?es coincidentes.
    Mas voc? deixou-me num dilema. Com toda a franqueza, n?o sei como ? que hei-de explicar-lhe isto sem parecer que estou a ensinar-lhe alguma coisa. ? que essa antinomia que voc? estabelece entre ?teoria? e ?demonstra??o? ? falsa. A teoria s? se realiza na demonstra??o. Na ci?ncia abstracta pura que ? a matem?tica a teoria e a demonstra??o s?o, mesmo, indissoci?veis.
    Voc? pode dizer que pensa que as conclus?es de Gramsci s?o erradas, mas n?o pode dizer que ele n?o tira conclus?es.
    Lamento que tenha sido induzido em erro pela imperfei??o do software do blog e tomado como perguntas alguma afirma??es que fiz. Os pontos de interroga??o correspondem, de facto, a caracteres acentuados e similares.
    Vai desculpar-me, mas quem labora num equ?voco, eventualmente simplista, ? voc?. ? o que d? em estar constantemente a ficcionar o que eu penso e n?o em ler o que escrevo. O que eu digo ? que o ?bom senso? n?o ? uma categoria do jornalismo e que a subordina??o do jornalismo a esse crit?rio IMPLICA ced?ncias, etc.
    A pergunta da foto:
    Voc? diz-me que o fot?grafo aplicou um crit?rio jornal?stico (?foto mais simb?lica?), ainda para mais com um grau superior de informa??o transmitida, e pergunta-me se isso ? exercer ?bom senso?? A mim parece-me exercer jornalismo.
    Mas eu deixo-lhe outra pergunta:
    Um jornalista free lancer faz uma reportagem jornalisticamente impec?vel sobre a descriminaliza??o do aborto, retratando a realidade do aborto clandestino e incluindo opini?es que defendem a livre decis?o da mulher. Vai oferec?-la ? R?dio Renascen?a e o director de informa??o, embora reconhe?a a qualidade jornal?stica do trabalho rejeita-o, aplicando a ?lei do bom senso? prevalecente na esta??o. O mesmo jornalista vai oferecer a mesma reportagem ? TSF, cujo director de informa??o aplica a ?lei do bom senso? em vigor na esta??o e transmite a reportagem. Qual ? que est? errado?

    PS ? A que ? que se deve essa alus?o ao ?espalhafato?? Foi distrac??o?

  12. Anonymous Anónimo 

    Caro Joao,

    Pelos vistos eu nao o entendo e o Joao nao me entende.

    (e ja nao sera a primeira vez que isto acontece)

    Fica - a quem tiver a paciencia para ler isto - o relato das nossas opinioes (tao bem quanto as pudemos expressar) e creio que sera suficiente.

    Peco desculpa por ter percebido perguntas onde elas nao existiam (nao ha maneira de resolver este problema...talvez so com a mudanca total do template).

    Repito o que disse no primeiro post: o bom senso e pre-requisito; nunca disse que era uma categoria ou criterio.

    O espalhafato nao foi distraccao. Usei a palavra para descrever a leviandade que caracteriza algumas atitudes pseudo-corajosas. Podia ter dito - como se usa ca no Norte - "fazer peito" ou, alternativamente, "fogo de vista".

    Nao tenho 45 anos de coisa nenhuma.
    Tenho quase.
    Quando la chegar tambem aviso.
    Sem qualquer paternalismo, obviamente.

  13. Anonymous Anónimo 

    Luis disse que ?o bom senso mandaria que nao se tivesse feito um programa inteirinho de propaganda a uma so posicao (seja ela qual for e seja o tema o que seja) e mandaria que se mostrasse, em casa, aquilo que tanto se apregoa fora dela? e mais a frente destacou na definicao de bom senso

    ?bom senso criterio sao; faculdade de bem ajuizar nas circunstancias comuns da vida".

    Um criterio eh um juizo e assim temos que se o bom senso ajuiza que o programa se tivesse feito desta ou doutra maneira o bom senso eh para todos os efeitos, um criterio. Luis perde por KO tecnico.Penso eu de que

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