Da coluna de Eduardo Prado Coelho, no Público de hoje, respigo: "Já várias vezes o tenho dito, mas a insistência nunca é excessiva: o que me toca na leitura de um jornal não são as notícias, os "furos jornalísticos", as manifestas campanhas que se orquestram em publicações que, não tendo jornalistas, vivem das intrigas pré-fabricadas que lhes são fornecidas pelas máquinas partidárias, os comentários torpes, as colunas sociais, o machismo encapotado, a necessidade patgética de se ser engraçado, a miséria de alguns "pensadores semanais", cada vez mais único de grande parte da nossa imprensa, etc., etc.. Nada disso - embora, confesso, tudo isso eu leia, com uma complacência que a mim próprio indigna. O que me toca num jornal é quando um foco de humanidade partilhável irrompe - e sentimos que alguma verdade acontece. Vivemos no domínio do factício, de coisas que se assemelham a vida mas apenas nos dão os ecos degradados dela, de fogos fátuos, de sangue branco, de semelhanças e realidades postiças - e a verdade tem isto de siderante: fura radicalmente essa redoma de simulacros e deixa-nos em queda na direcção do vazio."
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