O “pedo-filão”. É polémica, mas pertinente e oportuna, a leitura do tratamento jornalístico ao escândalo da Casa Pia, feita na última edição do "Observatório da Imprensa" (do Brasil) por Rui Paulo Cruz e intitulada “O pedo-filão da pedofilia”. Eis uma amostra: “ (...) Enaltecem alguns o papel da imprensa neste processo. E muitos jornalistas vangloriam-se, a pretexto deste caso, das virtudes do jornalismo de investigação. A minha opinião, para grande pesar de mim próprio, não podia ser mais oposta. Não vejo nas páginas dos jornais, nem nas matérias dos telejornais, nada que se pareça com investigação. E vejo muito pouco jornalismo. Jornalistas e barões da mídia estão querendo passar para o exterior a idéia de uma grande investigação jornalística que não existiu. Tudo começou com uma reportagem de antecipação à prisão do primeiro suspeito, matéria que resultou de informações recebidas (e não investigadas) por uma jornalista de um membro da polícia que lhe é muito próximo. Excessivamente próximo, para o meu gosto, e para o que a ética aconselha...Nessa matéria, e nas outras que se seguiram, fatos confirmados e autores identificados: quase nenhum. Mas multidões de notáveis a falar sobre eles. Resulta desta perversa mistura (segredo de justiça e jornalismo de preguiça) que nada se sabe e quase tudo se inventa” (...).
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