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"Revisitando a Censura em Tempos de Selvajaria". O texto que, com este título, José Pacheco Pereira escreve hoje no Público é daqueles que vale a pena ler e guardar. Alguns extractos, para "aguçar o apetite": "(...) Pela primeira vez, ao fim de 48 anos de censura prévia e da sobrevivência por mais de 28 anos depois do 25 de Abril, das suas sequelas, interiorizadas na mentalidade comum, o espaço público nacional libertou-se de uma série de interditos que sobre ele pesavam. Não ocorreu de um dia para o outro, foi preparado por uma série de eventos traumáticos reais (como a queda da ponte de Castelo de Paiva ) e por um novo mediatismo virtual assente nos "reality shows". O "escândalo da pedofilia" revela muito bem esse contínuo entre o real e o virtual, acentuado pelo facto de os seus protagonistas maiores serem pessoas que vivem entre esses dois mundos. Tenho sobre este processo sentimentos contraditórios. Por um lado, nada me contenta mais do que a progressiva emancipação dos portugueses dessa ganga pastosa que a ditadura deixou atrás de si, uma mentalidade avessa ao confronto e ao contraditório, uma cultura de salamaleques, um país de reverentes, obsequiosos e obrigados, de discursos pomposos e vazios associados a imensa maledicência de café, efectivamente hostil à democracia. Por outro lado, a simultaneidade deste processo antigo, o fim da censura, com um novo - a emergência de uma maior agressividade verbal e visual, produzida e alimentada na cultura de massas - gera outras violências sobre as pessoas individuais e sobre o sentido colectivo dos portugueses. Se bato palmas ao primeiro, não posso deixar de me preocupar com a selvajaria do segundo, até porque, quer num caso, quer noutro, estão patentes os sinais do nosso atraso. (...) A censura em Portugal foi eficaz, lavrando a nossa mentalidade colectiva muito fundo, exactamente porque o que ela reprimia era, em primeiro lugar, o conflito, todo o tipo de conflito, todas as formas de conflito, e a hierarquia social que ele ameaçava." Pacheco Pereira exemplifica, a dada altura, com a notícia, dada pela SIC, sobre os antecedentes criminais de um assessor de Carlos Cruz e com a sua "notória relevância jornalística". "Ela não só dá uma luz nova a declarações recentes que fez, como também mostra o desastre que é a administração da justiça em Portugal", observa o autor. Mas a exploração que o mesmo canal fez com as imagens e depoimentos das (então) crianças sexualmente abusadas já é, para Pacheco Pereira, do domínio da selvajaria". O remate: "E não me venham com a hipocrisia de que o acto em si é que é chocante e não a sua notícia. É o acto e é a notícia, sinal de uma brutalidade desenvolta que só se explica pelo vale tudo, pela ignorância do que se está a tratar, e pela irresponsabilidade. Com ou sem censura, os traços do nosso atraso estão lá, fazendo profundos estragos no tecido social."


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