É importante prosseguir o debate sobre a cobertura televisiva da "conferência de imprensa" de Fátima Felgueiras, na semana passada. Alguma troca de ideias tem ocorrido no espaço de comentários de alguns dos posts dos últimos dias e este continua aberto à participação dos visitantes. Hoje é José Rodrigues dos Santos que vem invocar, no Público, o seu estatuto de "o único doutorado em jornalismo em Portugal" (!), e de professor da mesma área há 15 anos, e, ainda, de pesquisador sobre o assunto em todo o mundo, e contra-atacar que nunca viu "um manual de jornalismo de serviço público". "O que existe é diferença entre o bom e o mau jornalismo." Quanto ao argumento, não diria que não é sério, mas que, pelo menos, é pobre e fraco. Antes de tudo isso, ou interligado com tudo isso, há uma coisa que se chama bom senso e bom gosto. De resto, JRS não é escrutinado como académico. Isso é para outros locais e noutros momentos. Devo salientar uma coisa: acho legítimo e positivo que a RTP defenda e explicite eventuais argumentos que considera ter para actuar como actuou. O que me parece criticável é não ir além de um registo de argumentação, que consiste em desqualificar os argumentos de quem a critica. Porque é que não há-de tomar os próprios termos do debate que se instalou como motivo de atenção e até de tratamento em antena? Porque é que o problema tem de ser sempre colocado em termos de defesa-ataque? E uma vez que JRS invoca o jornalismo no quadro do serviço público, dizendo, ao fim e ao cabo, não saber o que é, conviria lembrar o seguinte: a informação da RTP, que hoje se reconhece estar melhor (e daí também parte do estranhamento quanto ao caso FF), tem tido JRS em posições de responsabilidade editorial em tempos de mau jornalismo e de bom jornalismo. Ficamos a saber que para JRS e Judite de Sousa a cobertura de FF foi "bom jornalismo". Era bom que a RTP se habituasse à ideia de que só tem a ganhar com uma maior interacção com a sociedade e que essa interacção não se pode circunscrever à observação e exibição de curvas de audiência ou à auto-justificação. Um pouco mais de humildade - e de escuta - não lhe ficaria mal.
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