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Vómito ou cumprimento de dever? António Guterres foi visitar há dias à prisão o seu ex-ministro e amigo Paulo Pedroso. À entrada e à saída, as cenas habituais, que temos visto até à exaustão também com os familiares de Carlos Cruz e outros, e sobretudo o assalto ao juiz Rui Teixeira, nas ruas de acesso ao tribunal: a chusma de jornalistas a fazer perguntas. Desta vez Guterres, depois de ter repetidamente sublinhado que não pretendia fazer declarações, dispara: «Os senhores não perceberam ainda o ridículo da vossa situação?». Leituras do facto: Maria Elisa, no Diário de Notícias: "As parcas declarações de António Guterres, antes e após a sua visita a Paulo Pedroso, seriam suficientes para elaborar o mais interessante dos estudos acerca das relações entre os políticos e os media. Procurando disfarçar a irritação, sem nunca elevar a voz, Guterres começou por sublinhar, à entrada para a Penitenciária de Lisboa: «Não vou participar em nenhum Festival.» O «mediático», que é referido em vários jornais, foi subentendido. Depois da visita, o ex-primeiro-ministro voltou a indicar claramente que não estava disponível para quaisquer comentários à situação do deputado do PS. Tentando demonstrar que sua decisão era inabalável, e independente da formulação das questões, foi cortante: «Desejo-vos uma boa tarde e que possam ir fazer alguma coisa mais útil.» Mas os jornalistas persistiam, as perguntas pareciam até redobrar. E aí , implacável, Guterres disparou: «Os senhores não perceberam ainda o ridículo da vossa situação?» Teria o político experiente imaginado que a sua visita a Paulo Pedroso revestia apenas um carácter privado? Impossível. Ignorará o cidadão sensível que os jovens repórteres que são enviados para a porta do DIAP ou da Penitenciária são submetidos a enorme pressão, por parte das chefias, para arrancarem algumas frases aos visitantes ilustres, seja a que preço for? É pouco provável." Augusto M. Seabra, no Público: "António Guterres visitou o seu antigo ministro Paulo Pedroso no Estabelecimento Prisional de Lisboa. Um batalhão de jornalistas e de câmaras estava à espreita. Num dos canais a espera é apresentada com requintes. Eis que ele chega, ao volante da sua viatura, tem de dar voltas ao quarteirão à procura de lugar para estacionar, optando finalmente por um parque. Eis que, "cidadão exemplar", anda mais uns metros a fim de atravessar numa passadeira. Eis que entra. Eis que sai. E é o vómito. Como o achou?, continua a acreditar nele?, confia na Justiça?, acha que o processo irá ao fim?, acha que o PS sobrevirá a este caso?, e por aí adiante. O homem (Guterres) vai dizendo que nada mais tem a dizer, boa tarde, que não participará num "circo mediático", mas nada feito, nesse momento é a presa que as feras esperam. Uma jornalista da RTP resolve mostrar trabalho e não se cala, possuída de histeria. È o vómito. Mas não basta uma vez; no dia seguinte, no telejornal da noite, a SIC repete. Nesse momento senti-me seriamente tentado a ter alguma simpatia por António Guterres, eu que politicamente nunca tive o mais pequeno laivo dela. Mas não sou suficientemente ingénuo para supor que foi por mero acaso que tantos jornalistas e câmaras estavam ali nesse preciso momento à espera de alguém de relevo político-mediático, não sei se especificamente António Guterres se outro. Alguém os pôs de sobreaviso e esse não podia ser senão alguém afecto a Guterres e/ou ao PS. Voluntária ou involuntariamente, Guterres foi lançado ao circo mediático das feras, para ser nesse momento presa exibida, mas para se mostrar também aos mesmos media predadores no gesto de solidariedade com o suspeito detido. A cena é tanto mais sórdida porque relevadora de como o vómito que nos servem ao jantar é parte dos níveis de perversidade que neste momento existem nas relações entre as instâncias concomitantes na enunciação pública do processo, as judiciais e (nesse caso concreto) as políticas e as mediáticas."


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