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Notas sobre a primeira quinzena O apagão: Inquietante a fragilidade de um empório tecnológico; admirável a tranquilidade e bonomia nas ruas novaiorquinas; recorrente o medo de uma nova tragédia accionada pelo terrorismo. Tudo isto foi dito. O que não foi dito, ou pelo menos sublinhado, foi que o velhinho rádio de pilhas, o transístor, o auto-rádio, se tornou no meio de comunicação que pôde dar a informação que faltava, nas horas de maior aflição. Como escreve Alberto Dines, no último Observatório de Imprensa: «Considerado por muitos como um dinossauro em vias de extinção, o rádio foi a única fonte de informação capaz de atingir sua audiência. Em Nova York, uma cidade com sistemas de cabo com 500 canais e internet via banda larga, nada como depender de um radinho de pilha para colocar a vida moderna sob uma nova ? ou velha ? perspectiva». Incêndios: o Público fez um trabalho meritório e interessante, no dia 14. Com base nos debates havidos, elencou e explicou as 20 medidas para evitar a tragédia florestal. Para evitar a tragédia, não, desgraçadamente. De qualquer modo, faltou na lista uma medida, precisamente aquela que o Público mais dificuldade teve em identificar (até porque estava, de alguma forma, a dar-lhe corpo): o papel dos meios de comunicação na prevenção dos fogos. Política e showbiz: a noticiada e assumida transferência de Pedro Santana Lopes da RTP para a TVI não teve, tanto quanto me pareceu, a atenção devida. A sombra dominical do Prof. Marcelo foi-se adensando até se tornar insuportável. Por outro lado, a necessidade de o Dr. Santana Lopes estar ao fim de semana com a família fez o resto. Em tempo de mudanças de clube e de novas contratações, mais uma pouco importa para o caso. Mas importa analisar bem o panorama do comentário político que vamos ter na rentrée, nos quatro canais hertzianos. Jornalismos: Grande destaque nos media para a situação de falência da Penthouse, incapaz de defrontar a nova geração de competidores. Em contrapartida o silêncio quase total sobre a vigília de mais de 200 jornalistas do Irão, no passado dia 8, em protesto contra os ataques sistemáticos à imprensa mais independente e contra a falta de liberdade de expressão no país. Idêntico "comedimento" para a decisão das quatro casa de impressão controladas pelo Estado argelino de encostar a imprensa à parede, por causa de dívidas pendentes. Resultado: desde há três dias que importantes jornais como El-Khabar, Liberté, Le Soir d'Algérie, L'Expression, Le Matin et Er-Raï não podem ser publicados. São "critérios jornalísticos".


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