O que diz Moniz? Quinto aniversário da chegada de José Eduardo Moniz ao quarto canal que passou, entretanto, da terceira posição para a primeira e, depois, para a segunda , em termos de share de audiências. Na entrevista ao Público, o que diz Moniz? Que "nenhum programador faz a televisão de que gosta". Ou seja, e nas palavras dos entrevistadores Sofia Rodrigues e João Manuel Rocha, "dirige um canal que pouco tem a ver com os seus gostos pessoais". A frase tem-me andado a bailar no espírito desde que a li, de manhã, e acho que tem qualquer coisa de estranho, qualquer coisa de masoquista. É claro que muito pouca gente se pode dar ao luxo de fazer exactamente aquilo de que gosta. É igualmente indesmentível que muito boa gente bem gostaria de trabalhar no que lhe dá gozo, e não ir, cada manhã, como quem vai para o cadafalso ou, pelo menos, para um qualquer purgatório. Não será o caso de Moniz. Não se pode dizer que ele seja propriamente um condenado. É difícil acreditar que um profissional da sua laia ande nesta vida por desprazer. Que regresse, cada noite, a casa vergado à má-consciência de um trabalho mal feito. Que entre nas instalações da TVI macerado pelo modelo de televisão preferido e que "assentaria numa grande dose de informação, num conjunto de séries e de bom cinema". É por isso que, reconhecendo ao director da TVI a competência num estilo e o direito à insatisfação perante o que faz, eu não entendo o que ele diz e que faz o título da entrevista ao Público.
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