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Poderes alternativos Mário Bettencourt Resendes toca hoje - ao de leve, como se vai tornando cultura dominante - "o papel dos jornalistas nas democracias liberais contemporâneas". Cita um "político britânico de primeira linha, que viu o seu nome frequentes vezes nas primeiras páginas dos jornais por motivos relacionados com a sua vida privada": «Os jornalistas dos nossos dias comportam-se como os dirigentes sindicais dos anos sessenta e setenta; ganharam um poder desmesurado, tornaram-se arrogantes, esquecem os valores originais que deveriam nortear a sua missão, invocam os interesses daqueles que supostamente representam, neste caso a entidade ambígua que é o público, para justificar as opções mais polémicas, estão deslumbrados pela notoriedade e influência de que dispõem - não sei se, daqui a duas ou três décadas, não estarão reduzidos ao papel secundário que hoje têm os dirigentes sindicais, que foram ultrapassados pela crescente terciarização das economias modernas, pelos avanços tecnológicos e pela proliferação da negociação salarial ao nível das unidades empresariais.» Os comentários do director do DN ao tema parecem desviar-se da questão: "(...) muitos daqueles que agora se queixam esquecem que, durante décadas, os titulares do poder, nomeadamente político e económico, usaram fundos públicos e cultivaram relações espúrias em regime de impunidade e sem o devido escrutínio por parte dos media; são esses também os mesmos que alimentaram - e ainda hoje alimentam - a fogueira mediática onde por vezes acabam esturricados. É óbvio, mesmo assim, que espaço de afirmação dos media tradicionais tem já fronteiras fluidas. Surgem fontes alternativas de informação, com poder e influência que já não são desprezíveis. Falta-lhes, por agora, o registo da credibilidade dos títulos instalados. Se a ganharem, só nos poderemos queixar de nós próprios". Parece, assim, que: - mais do que discutir a validade e fundamento da comparação feita, o argumento da resposta consiste em passar a bola para o lado de quem faz a observação. - às fontes de informação alternativas falta-lhes ainda, segundo Bettencourt Resendes, a credibilidade de que gozam os títulos instalados. Mas essa crtedibilidade é que estava a ser questionada nas afirmações do tal político. - Não se entende porque é que os media tradicionais se deverão queixar, se as tais fontes alternativas vierem a adquirir credibilidade. Por mim, parece-me salutar que se multipliquem as fontes e que aumente a qualidade. Porque é que haveríamos de criar antinomias onde pode haver complementaridades?


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