Ainda Schneidermann O Observatório da Imprensa desta semana publica um conjunto de quatro peças sobre a demissão de Daniel Schneidermann como cronista de televisão do jornal Le Monde: - Uma entrevista com aquele profissional, feita por Leneide Duarte-Plon (Mídia de silêncios, empolgação e excessos ) e ainda, da mesma autora, o texto O pesadelo de Daniel Schneidermann; - um texto-editorial (Vexames no andar de cima de Alberto Dines; - e a transcrição da última coluna do provedor do leitor do jornal francês, Robert Solé, na qual este sistematiza as centenas de cartas de leitores, recebidas sobre o caso. Na entrevista, Schneidermann explica aquilo que critica na actual orientação editorial de Le Monde, que figura em "Le cauchemar médiatique": "Eu critico a maneira de fazer. Acho correcto fazer investigação, é a base do métier do jornalista buscar informações, a maior quantidade possível. É o fundamento do métier. Mas às vezes pode haver deslizes. Por exemplo, quando para justificar um título, o valor dado a uma informação, existe a tendência a inchar um pouco, acrescentar. Existem informações que poderiam ser dadas em um ou dois parágrafos, mas para criar um acontecimento decidem dar uma página inteira. É aí que estão os riscos dos deslizes, dos exageros, da informação esquentada. Outro excesso que critico é que, de facto, todos os jornalistas podem se enganar, mas quando a gente se engana se corrige dizendo "nós nos enganamos", como nos enganamos, por que nos enganamos. Mas o Le Monde muitas vezes esqueceu de fazer isso". Mais especificamente sobre o "pesadelo mediático": "O que chamo "pesadelo mediático" é uma característica da mídia de hoje, uma alternância de fases de omertà, de silêncio, de incómodo em relação a alguns problemas que não se aborda. Depois, quando eles explodem, vêm os excessos. A primeira fase do ciclo é o silêncio, o incômodo e da omertà; e, depois, esse das respostas, da empolgação, dos excessos, seja sobre a segurança, sobre as redes de pedofilia ou sobre a tele-realidade. Então, tem-se a impressão de que a mídia fala muito e diz muita besteira. No livro, tento compreender como funciona esse ciclo e por que a mídia cede a ele. É o conjunto que chamo de "pesadelo midiático". Na realidade é um pesadelo para os meios de comunicação que perdem a credibilidade; é um pesadelo para o leitor que não sabe mais em que pode acreditar."
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