Duas entrevistas de Bush O texto das entrevistas de George W. Bush a duas cadeias de televisão árabes, acerca dos casos de maus tratos e torturas a prisioneiros iraquianos por parte de pessoal militar ou para-militar norte-americano é muito interessante. Há, ali, um grande esforço de clareza quanto ao modo como uma democracia deve lidar com o intolerável e o repugnante. Assim como quanto ao facto de os actos de um grupo não poderem vincular um colectivo. Ao mesmo tempo, é sintomático que Bush nunca tenha pedido desculpas, ou manifestado intenção de o vir a fazer, se tal for justificado, quando o inquérito chegar ao seu termo. E, sobretudo, há uma passagem que muitos media não valorizaram (ao contrário de Le Monde), na qual o presidente dos EUA deixa entreaberta, na entrevista à estação Al-Arabiya, a possibilidade de não se tratar de um caso único ou isolado. É quando diz: "I have told our Secretary of Defense, and I have instructed him to tell everybody else in the military, I want to know the full extent of the operations in Iraq, the prison operations. We want to make sure that if there is a systemic problem -- in other words, if there's a problem system-wide -- that we stop the practices". Os factos revelados hoje pelo Washington Post e por Le Monde podem indiciar que Bush sabe mais do que deu a entender. ACTUALIZAÇÃO: Como se pode ler na generalidade da imprensa nacional e internacional de hoje (7 de Maio), Bush, pressionado pelas críticas, no país e no estrangeiro, acabou por pedir desculpas pelo comportamento dos militares envolvidos nas sevícias e passou a fazer de Rumsfeld o bode expiatório (para já ainda sem o deixar cair).
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