Sobre o editorial de hoje de "A Capital" 1. O director-adjunto de "A Capital", Rogério Rodrigues (RR), mostra-se muito agastado com as reacções ao comportamento de A Capital, especialmente na última semana. Duvido que as críticas que endereça, no editorial de hoje (cf. O problema das fontes ), tenham sido apontadas ao alvo mais adequado, mas cada um sabe as linhas com que se cose. 2. Partilho integralmente da opinião daqueles que saudaram a atitude da Direcção editorial de pedir desculpas aos leitores e de colocar o lugar à disposição. Mas devo confessar o desapontamento quando o director vem dizer que, com as mesmas fontes, tornaria a fazer o que fez e o director-adjunto reafirma, no texto da edição de hoje, que as fontes em que se apoiou são credíveis. Como podem manter a credibilidade se se revelaram completamente erradas, a ponto de não terem transmitido sequer uma sombra de dúvida que levasse o jornal a colocar um "bemol" no tom peremptório das suas manchetes? 3. Concordo com RR que o "problema das fontes" é muito sério e carece de debate. Mais ainda, no actual contexto e nos desenvolvimentos políticos que se desenham para o futuro próximo. Mas pode RR ficar sossegado: estou longe de advogar um jornalismo de "press releases". Mas advogo prudência e distanciamento face às fontes, mesmo ás mais credíveis. E fico preocupado que RR acredite que há fontes de informação desinteressadas. Porque aquilo que, a meu ver, RR esquece no seu texto, é que os leitores também contam. Se se instala nos leitores a desconfiança acerca da credibilidade da informação não será que isso compromete os fundamentos do direito à informação? Por conseguinte, é verdade que há aqui um "problema das fontes", mas ele não pode ser devidamente equacionado sem levar em consideração o ponto de vista dos direitos dos cidadãos. 4. Quero esclarecer que não está aqui em causa o apreço que tenho por Luís Osório e Rogério Rodrigues. Mas o apreço não nos pode inibir de debater o jornalismo que se faz. E esse debate, no caso em apreço, tem por matéria aquilo que foi publicado. A que propósito é que RR pretende que eu o tivesse ouvido, antes de dizer o que disse ao DN de ontem? 5. As picardias que RR escreve sobre os "académicos" devem dirigir-se a um tipo de gente que eu sei que existe mas em que não me revejo. Esse "peditório" da contraposição académicos-jornalistas já deu o que tinha a dar. Isto é: não levou a parte nenhuma. Talvez os dois lados tenham algo a aprender, escutando-se reciprocamente. Preferia ir por aí.
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