Ana Sousa Dias e o papel dos jornalistas mais velhos "Como numa música ou num texto literário, a técnica deve estar toda lá dentro [das histórias]mas deve ser invisível, tal como nós próprios temos de ter em conta que o nosso papel é acessório. Esta é a forma de fazer jornalismo da larga maioria dos jornalistas, dos que não são reconhecidos na rua, dos que não se colocam nos bicos dos pés mas que diariamente estão no cerne da nossa profissão - a notícia. Boa ou má, a notícia é essencial para que nós todos, cidadãos, possamos tomar decisões". As palavras são de Ana Sousa Dias, na intervenção que fez na cerimónia de entrega dos prémios Gazeta de Jornalismo, que decorreu anteontem, em Lisboa. A jornalista referiu-se aos últimos anos, "marcados nas redacções pelo precipitado afastamento dos 'mais velhos' que eram, como em todas as profissões e actividades humanas, os garantes da passagem do testemunho". "Fica mais caro pagar um redactor ou um copy-desk experientes, capazes de dizer não a uma ordem errada, de resistir a pressões exteriores e de corrigir erros, do que a cinco estagiários que, mesmo que sejam óptimos, são substituídos por outros cinco daí a uns meses". Ana Sousa Dias lamentou ainda que das universidades estejam a "chegar às redacções jovens preparados à luz dos melhores princípios mas que, em muitos casos, ficam pendurados em situações precárias e começam a profissão a fazer o que aprenderam que não deve ser feito". "O problema é que o preço mais alto está a ser pago por todos: está na perda da qualidade do resultado, na quebra das regras mais simples e sensatas, numa espécie de mata-e-esfola do pior que a actualidade nos traz" - observou. (Fonte: Sítio do Sindicato dos Jornalistas)
0 resposta(s) para “”
Responder