Os números... ou como os media tratam a dor Ao início da tarde, as últimas informações sobre a tragédia na Ásia apontavam para, pelo menos, 55 mil mortos. Os números são assustadoramente dramáticos. As fotografias divulgadas pela maior parte dos órgãos de comunicação são, direi sem exagero de sensibilidade, arrepiantes. O choque instalou-se neste final de ano, quase como se, de repente, a natureza tivesse anunciado o apocalipse. A catástrofe é agoniante. Mais uma para acrescentar ao resumo de 2004 feito pelo El País. Mais uma para questionarmos a forma como os media tratam a dor. Em periodistas 21, escreve-se hoje que «el propósito del periodismo no debe ser evitar el dolor. No es lícito esconder el dolor. El compromiso del periodismo debe estar con la verdad y la información.». Mas há ou não limites de bom senso relativamente às imagens que se divulgam? Deve ou não fechar-se o ângulo de reportagem à crueldade dos números de mortos? Para lá das explicações científicas dos sismólogos, que lugar tem a dor humana na informação? Corre-se, de facto, muitos riscos quando a emoção atravessa (inevitavelmente, parece-me) a informação.
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