Separar as águas João Paulo Meneses fez ontem repetida afirmação de que pretende separar águas: "Um blogue não é jornalismo". Respondi-lhe que concordava, embora também ache que "um blogue pode ser jornalismo". José Vítor Malheiros vem recordar-nos hoje, no Público, que este debate deve ser colocado num plano mais vasto. Num texto que subscrevo a quase cem por cento (e só coloco o "quase" porque ainda só li a coluna uma vez e me pareceu que coloca a blogosfera no reino do mexerico e da bagatela), ele chama a atenção para os valores fundadores do jornalismo que se podem estar a diluir com a contaminação da "lógica" da blogosfera. Há, por certo, aspectos que a coluna não trata. Mas o que trata é esclarecedor. Como este parágrafo final:
" (...) Que os blogues tenham explodido não admira. Que tenham explodido entre os jornalistas também se percebe. Que a lógica displicente de produção de um blogue (que na origem é um diário pessoal) tenha penetrado no próprio jornalismo e no relato dos factos é mais grave. Mais do que relatores, os jornalistas tornaram-se comentadores, fontes de apartes, piscadelas de olho e cotoveladas cúmplices no leitor. Como esta campanha eleitoral mostrou à saciedade (mas já vem de longe), os jornalistas têm uma dificuldade cada vez maior em guardar para si próprios os seus sentimentos e conjecturas, as suas opiniões ou os boatos de que têm conhecimento e acham que eles merecem a glória do blogue, quando não da radiodifusão ou da impressão. Seria bom que a sociedade se lembrasse de que tem o direito não só de criticar mas de exigir aos jornalistas rigor e responsabilidade".
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