Desocultar a sociedade que somos Augusto Santos Silva [que, além de recém-nomeado para o cargo de ministro dos Assuntos Parlamentares, acaba de vencer o concurso para professor catedrático de sociologia na sua Faculdade de Economia do Porto] tem hoje no Público um texto ["A sociedade escondida"] que merece leitura e de que deixo aqui um extracto: "(...) se queremos compreender a sociedade que é agora a nossa, temos de desocultá-la. Só olhando-a com olhos de ver, conhecendo-a e mostrando-a, é que podemos agir com sentido e resultado.Mas, para isso, não podemos fingir. Fingir que não nos damos conta de que o comportamento privado dos fiéis está nos antípodas da moral que a hierarquia religiosa teima em defender. Fingir que nos repugna a extrema violência que os telejornais ilustram, de maridos sobre as mulheres, de pais sobre filhos, de adultos sobre menores ou idosos, quando o facto é que nos deleitamos com a sórdida transformação dessa violência em espectáculo para consumo de massas. Fingir que nos aflige a mortalidade rodoviária quando a sua causa principal está na forma como conduzimos.Não podemos também substituir a informação pelo preconceito. De nada serve condenar sumariamente os tempos actuais em nome de uma suposta superioridade moral de outrora. Nem cortar as pontes de entendimento com o que nos pareça diferente ou estranho ou novo. Nem distorcer a realidade das coisas só para carregar no drama, generalizando sem critério ou desvalorizando os sinais de esperança. Nem encontrar à pressa bodes expiatórios, sejam eles os jovens suburbanos ou os rurais iletrados."
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