"Público" torna mais exigente relação com as fontes A nova edição do Livro de Estilo do Público, substancialmente reformulado, é hoje distribuído com o jornal, no quadro do 15º aniversário do diário, que se completa amanhã. Sob a coordenação de António Granado, o trabalho de revisão do documento existente significa, em termos gerais, a adopção de "regras éticas mais exigentes", visão que é assumida naquele jornal. No capítulo da relação dos jornalísticas com as fontes de informação, são adoptadas algumas normas que surgem pela primeira vez codificadas. Ficam aqui algumas delas: "As entrevistas feitas por jornalistas do Público devem ter apenas a presença do entrevistado que, evidentemente, poderá gravar a conversa, desde que se comprometa a não a divulgar antes do jornal. Em caso algum, assessores de agências de comunicação, que trabalham com várias redacções e para vários clientes, poderão assistir a entrevistas feitas por jornalistas do Público *** Como regra, os jornalistas do Público não mostram as suas entrevistas aos entrevistados antes de serem publicadas. Em caso algum, deve o jornalista aceitar que o conteúdo da entrevista seja alterado e/ou adaptado às conveniências do entrevistado. Em caso de dúvida ou conflito, é a gravação que faz fé. Para evitar conflitos desnecessários e eventualmente prejudiciais para o jornal é conveniente que estes procedimentos de princípio sejam negociados previamente à entrevista. Só em casos excepcionais se farão entrevistas por escrito. Quando isso aconteça, o facto deve ser devidamente assinalado no texto e explicadas as razões do procedimento. A transcrição de qualquer entrevista implica, por regra, adaptar a linguagem oral à linguagem escrita, mas tendo a preocupação de não perder a espontaneidade, e reduções substanciais à transcrição integral das perguntas e respostas. Esse trabalho tem como regra de ouro respeitar as ideias expressas pelo entrevistado, sem deturpações ou cortes que alterem o seu sentido ou as coloquem fora de contexto. *** (...) a recusa sistemática de assessores de imprensa de entidades públicas, pagos por todos os portugueses para exercerem essa função, de não quererem ver o seu nome nos jornais (ao mesmo tempo que recusam o contacto directo do jornalista com o responsável público) tem de ser contrariada. Os gabinetes não falam, Belém, São Bento ou as Necessidades também não: só as pessoas podem fazer declarações. *** Os editores têm especial responsabilidade no controlo da utilização de fontes anónimas, factor de descredibilização crescente dos jornalistas e do próprio jornalismo em todo o Mundo. Por esse motivo, os editores do Público podem solicitar aos jornalistas que lhes revelem a identidade das fontes anónimas que utilizam nos seus textos. Sempre que o director ou quem o substitua o considere necessário (e não apenas por razões legais) tem também toda a legitimidade para pedir ao jornalista que lhe comunique quem é a fonte citada. O jornalista pode recusar estes pedidos, sendo que a decisão final de publicação ou não do texto, ou da parte do texto em causa, será sempre da responsabilidade do seu editor, do director ou de quem o substitua. *** As expressões do tipo ?várias fontes?, ?diversas fontes?, não podem ser utilizadas sem que o jornalista as individualize, na mesma notícia. O jornalista deve quantificar de forma exacta as suas fontes (ex: ?duas fontes disseram ao Público; ?três fontes reconheceram??)."
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