Liberdade, diversidade e cidadania «Todos nós constituímos uma opinião pública adormecida.» - esta foi a ideia com que Felisbela Lopes rematou esta noite as intervenções do debate sobre Liberdade de Imprensa, organizado pela Bibliopólis de Braga. Atravessando de algum modo as opiniões de todos os oradores, o papel dos cidadãos na "arbitragem" do trabalho dos jornalistas foi amplamente sublinhado como uma das garantias do exercício de uma liberdade de imprensa responsável e equilibrada. Manuel Pinto, provedor dos leitores do JN, recusou uma perspectiva conspiracionista (que, na sua opinião, seria pouco operativa para mudar a realidade), mas lembrou que a experiência da liberdade de imprensa em Portugal é uma experiência muito recente. Sistematicamente, apresentou também os sinais de perigo no que concerne ao exercício da liberdade: a) por um lado, a tendência para a precarização da profissão e para a evacuação dos "veteranos" que, nas redacções, "capitalizavam uma experiência muito grande que permitiria ajudar a formar as gerações mais jovens"; b) por outro, as novas tecnologias ao serviço do jornalismo, que suscitam mais uma lógica de fluxo constante de informação do que uma lógica de trabalho periódico; c)finalmente, o perigo da formatação das audiências e a necessidade de promover canais de interacção entre os media e os públicos. Preferindo falar primeiro de liberdade de expressão, por a considerar uma liberdade fundadora, "instrumento de reivindicação das outras liberdades", Joaquim Fidalgo, ex-provedor dos leitores do Público, questionou a necessidade de estabelecer ou regulamentar os abusos da liberdade de imprensa. Para o director do UMJornal, «o trabalho dos jornalistas deve ser a expressão da liberdade de expressão dos cidadãos.» Por isso, anotou a necessidade de: a) aplicar as leis que já existem; b) melhorar as leis que existem; e c) verificar se ainda será preciso de proibir mais. Por seu turno, Eduardo Jorge Madureira, coordenador do projecto "Público na Escola", advertiu para o facto de a censura hoje se poder fazer também por via do excesso de informação, na medida em que a abundância pode prender a atenção a assuntos não extraordinariamente relevantes. Referindo-se à mensagem da UNESCO sobre o Dia da Liberdade de Imprensa, considerou que «um bom governo só tem a lucrar se tiver uma imprensa livre que sirva para escrutinar a sua acção».
0 resposta(s) para “Liberdade, diversidade e cidadania”
Responder