Katrina: a responsabilidade do silêncio O provedor do leitor ("public editor") do diário The New York Times coloca hoje uma questão interessante e original relativamente à cobertura do furacão Katrina pelos media. Em "Covering New Orleans: The Decade Before the Storm", Byron Calame foi ver o que é que o seu jornal publicou sobre Nova Orleães nos últimos dez anos, indagando, nomeadamente, se chamou a atenção para a situação de vulnerabilidade em que viviam as camadas mais pobres da população da cidade e para os riscos decorrentes dos diques, em caso de catástrofe. O que encontrou foram, sobretudo "stylishly written articles about the city's charm, cuisine and colorful characters". Em dez anos, apenas dois artigos referiram - e de forma discreta - a pobreza e outros tantos trataram dos diques. E nenhum deles para instruir os cidadãos sobre o que fazer, em caso de perigo. Conclusão: "Given the dimensions of poverty in New Orleans and the city's dependence on a levee system, The Times's news coverage of these problems over the past decade falls far short of what its readers have a right to expect of a national newspaper". Nem todos os jornais norte-americanos adoptaram o mesmo comportamento.
Errar é tão humano quanto dizer "mea culpa" - o reconhecimento público não deve ser receado! Ele não descredibiliza os media, quando é devido, bem pelo contrário...
O reconhecimento de erros e omissões por parte de um OCS é um sintoma de maturidade, tanto mais quando o que está em causa é a (não) cobertura de fenómenos sociais de relevo e o posicionamento quanto a situações dramáticas, para cuja minimização todos os agentes sociais deveriam contribuir.