"A realidade imita a televisão" "No excesso mediático que caracteriza a contemporaneidade a estrutura simbólica inverteu-se: referente e referido hoje, tal como o objectivo e o subjectivo no Renascimento e no Iluminismo, trocaram de lugar. Hoje aquilo a que nos referimos é ao que surge na televisão, como referente e significante, como realidade em si mesma. O telejornal das 20:00, a emissão contínua da CNN, a "última hora" por todos os canais do cabo e dos satélites, são hoje o que existe e encontramos na complexidade e ambiguidade das nossas vidas. (...) Saindo dos écrãs da televisão, os incêndios saíram do terreno do que é relevante. Daí a desaparecerem das florestas, dai aos fogos se apagarem foi um pequeno passo. Aliás, os apelos institucionais para que as estações de televisão não transmitissem permanentemente imagens e directos dos incêndios fazem parte da mesma e surpreendente história de fundo: a realidade imita a televisão. O fogo na televisão acaba inapelavelmente por queimar as florestas e as matas no terreno". in Público, 19.09.2005
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